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CONCORRÊNCIA
Recurso de decisão que vetou fusão com a Garoto deve ser apresentado dentro de 15 dias, afirma advogado
Nestlé pode propor redução de preço ao Cade
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Nestlé estuda apresentar ao
Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica) um compromisso de redução de preços
para tentar convencer o órgão a
reavaliar a decisão que determinou a desconstituição da fusão
entre a empresa e a Garoto.
O pedido de reapreciação do caso será formalizado junto ao órgão em 15 dias, de acordo com o
advogado da companhia, Carlos
Francisco Magalhães.
"A redução de custos, e por conseqüência de preços, pode ser objeto de compromisso por parte da
Nestlé ao Cade. O órgão está perfeitamente aparelhado para monitorar essa questão posteriormente", afirma o advogado.
Outra proposta em estudo, segundo ele, é a utilização da fábrica
de coberturas de chocolate para
produção para terceiros ou a venda de ativos nesse segmento. A
Nestlé e a Garoto concentram
100% do mercado em coberturas
líquidas e 88,5% das sólidas.
Mas, antes de apresentar essas
propostas, a Nestlé precisa convencer o Cade a reexaminar o veto
à fusão, aprovado por 5 votos a 1
na semana retrasada.
Para isso, estuda usar o precedente da compra da siderúrgica
Pains pela Gerdau. O Cade vetou a
operação, em 1995, mas acabou
permitindo-a depois de a Gerdau
assumir o compromisso de vender alguns ativos da Pains.
"O caso precisa voltar à serenidade de uma solução técnica. O
primeiro passo é aplicar precedentes para reabrir a discussão.
Depois, deve-se examinar os problemas apontados pelo Cade e ver
qual a solução", diz Magalhães.
O regimento interno do Cade
prevê a reavaliação de decisões do
órgão, desde que surjam "fato ou
documento novo, capazes por si
só de lhes assegurar pronunciamento mais favorável".
O ex-presidente do Cade, Ruy
Coutinho, acredita que o precedente da Gerdau-Pains pode reforçar a disposição do órgão de
reexaminar o caso.
Já o conselheiro Thompson Almeida Andrade, que relatou o
processo, não vê relação entre as
duas situações. "A Nestlé pode
apresentar recurso, mas em princípio cada caso é um caso."
De acordo com o secretário de
Desenvolvimento Econômico e
Turismo do Espírito Santo, Júlio
Bueno, a Nestlé teria oferecido ao
governo a redução de seus ativos
para que a sua participação no
mercado fique dentro da faixa de
44% e seja aceita pelo Cade.
O advogado da Nestlé nega.
"Ainda não se cogitou essa possibilidade, por enquanto isso é mera especulação", disse Magalhães.
Colaborou Tiago Ornaghi,
da Agência Folha
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