São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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LEÃO GULOSO

Mais de 1.100 grupos endossam repúdio à MP 232, que elevou tributos; empresários levarão documento a líderes do Congresso

Entidades lançam manifesto contra imposto

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

De mãos dadas e cantando o Hino Nacional, mais de mil empresários e representantes de classe aprovaram ontem, em São Paulo, um manifesto de repúdio contra a medida provisória 232, que aumentou impostos para as empresas prestadoras de serviços.
Endossado por 1.111 entidades, o manifesto inaugurou também uma campanha empresarial que pretende combater os gastos da União, diminuir os impostos e aumentar a participação da sociedade civil nas decisões do governo federal e do Congresso Nacional.
Os empresários presentes afirmaram que a eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara facilitará a derrubada da MP 232.
"Com uma presidência não alinhada automaticamente ao governo fica mais factível impedir mais esse aumento de impostos", afirmou Claudio Vaz, presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).
Em Brasília, Cavalcanti disse que não deixará que "pequenos agricultores e empresários sejam prejudicados pela vontade de tecnocratas". Amanhã, um grupo de empresários entregará pessoalmente o manifesto a Cavalcanti e ao novo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os mais de mil presentes lotaram ontem pela manhã um enorme salão e galerias no Clube Esperia, na zona norte de São Paulo, para protestar contra a MP.
Muitos dos participantes vieram em ônibus fretados, e a Força Sindical trouxe uma grande claque municiada com bandeiras da entidade e faixas contra a MP 232.
No palco do salão e após vários discursos, os empresários fizeram aprovar o manifesto por aclamação, desfraldaram uma bandeira do Brasil e, ao meio-dia em ponto, cantaram o Hino Nacional. A atriz Beatriz Segall leu manifesto de artistas contra a MP.
Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou que sua entidade pretende aproveitar a mobilização atual para "discutir os gastos do governo e aumentar a participação da sociedade nas decisões em Brasília".
Skaf disse que os empresários devem ter participação no CMN (Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central), para poderem discutir metas de crescimento e inflação para o país.
A Fiesp criou um grupo para apresentar, em 60 dias, sugestões para reduzir os gastos públicos, considerados a principal razão do que está sendo chamado de "fúria tributária". "Temos de apresentar soluções consistentes, e não apenas desabafos", disse Skaf.
Segundo Guilherme Afif Domingos, da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), os empresários querem transformar a MP 232 em projeto de lei. "Aí, discute-se o assunto de frente, e não de costas, com a faca no pescoço."


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