São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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Agroindústria registra expansão recorde, mas setor de grãos "patina"

MARCELO SAKATE
DA SUCURSAL DO RIO

A agroindústria encerrou o ano passado com o seu melhor desempenho na série histórica iniciada em 1992, a despeito da queda dos preços das principais commodities no segundo semestre. O crescimento de 5,3% foi influenciado pelos setores que utilizam produtos do agronegócio, em detrimento de quem fornece.
A conquista de novos mercados pela pecuária, a alta das exportações de bens de capital e a maior safra de alguns produtos, além da manutenção de preços favoráveis na média do ano, explicam o desempenho positivo, afirmou ontem Isabela Nunes, economista do Departamento de Indústria do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O recorde anterior de elevação da produção do setor, que tem peso de aproximadamente 14% na indústria nacional, havia sido alcançado em 1994 (4,6%). Em 2002 e 2003, o crescimento não havia ultrapassado 1%.
Nos dois principais ramos da agroindústria -agricultura e pecuária-, os setores que realizam a primeira transformação dos produtos tiveram atividade industrial maior do que em 2003. Os bens derivados da lavoura subiram 5,2% (após alta de 2,3% no ano anterior), e os da pecuária, 4,9% (queda de 1,7%).
Fumo (20%), celulose (6%) e laranja (5,2%) registraram as maiores expansões, na esteira de safras também maiores, de acordo com o levantamento do IBGE.
"Esses produtos, além do café, tiveram um segundo semestre muito melhor do que em 2003 em termos de vendas", disse Maurício Mendes, analista do Instituto FNP, consultoria especializada no setor de agronegócio.
Por outro lado, as atividades ligadas a soja e milho, os dois principais grãos da agricultura nacional, fecharam o ano em queda de 1,1% e 22,5%, respectivamente, devido à queda nas cotações.
O desempenho geral da agroindústria encobriu a desaceleração dos setores que fornecem insumos à agricultura. Quem produz para as lavouras -máquinas, equipamentos e fertilizantes- registrou alta de 1,1% em 2004, após crescimentos que superaram a casa de 10% em cada um dos dois anos anteriores.
Na contramão, mas com peso menor na agroindústria e classificado como um ramo à parte, inseticidas, herbicidas e outros defensivos cresceram 22,4% no ano passado. O aumento da área plantada pelo país (9,2% em relação ao ano anterior) e a propagação da ferrugem asiática (praga que atinge a soja) explicam o desempenho, segundo analistas.
Na pecuária, o registro de focos de febre aftosa no ano passado impulsionou a indústria de vacinas, que cresceu 10,6%, após retração de 31,4% em 2003.
Já o processamento de produtos de origem animal foi influenciado, segundo Nunes e Mendes, pelas vendas ao exterior. A conquista de novos mercados ocorreu, em parte, graças a problemas sanitários -como o mal da vaca louca- em alguns dos produtores mundiais e à propagação da gripe do frango na Ásia.
As atividades industriais ligadas a bovinos e suínos subiram 10,8%. No subsetor de aves, o crescimento registrado foi de 4,4%.


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