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Agroindústria registra expansão recorde, mas setor de grãos "patina"
MARCELO SAKATE
DA SUCURSAL DO RIO
A agroindústria encerrou o ano
passado com o seu melhor desempenho na série histórica iniciada em 1992, a despeito da queda dos preços das principais commodities no segundo semestre. O
crescimento de 5,3% foi influenciado pelos setores que utilizam
produtos do agronegócio, em detrimento de quem fornece.
A conquista de novos mercados
pela pecuária, a alta das exportações de bens de capital e a maior
safra de alguns produtos, além da
manutenção de preços favoráveis
na média do ano, explicam o desempenho positivo, afirmou ontem Isabela Nunes, economista
do Departamento de Indústria do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O recorde anterior de elevação
da produção do setor, que tem peso de aproximadamente 14% na
indústria nacional, havia sido alcançado em 1994 (4,6%). Em 2002
e 2003, o crescimento não havia
ultrapassado 1%.
Nos dois principais ramos da
agroindústria -agricultura e pecuária-, os setores que realizam
a primeira transformação dos
produtos tiveram atividade industrial maior do que em 2003. Os
bens derivados da lavoura subiram 5,2% (após alta de 2,3% no
ano anterior), e os da pecuária,
4,9% (queda de 1,7%).
Fumo (20%), celulose (6%) e laranja (5,2%) registraram as maiores expansões, na esteira de safras
também maiores, de acordo com
o levantamento do IBGE.
"Esses produtos, além do café,
tiveram um segundo semestre
muito melhor do que em 2003 em
termos de vendas", disse Maurício Mendes, analista do Instituto
FNP, consultoria especializada no
setor de agronegócio.
Por outro lado, as atividades ligadas a soja e milho, os dois principais grãos da agricultura nacional, fecharam o ano em queda de
1,1% e 22,5%, respectivamente,
devido à queda nas cotações.
O desempenho geral da agroindústria encobriu a desaceleração
dos setores que fornecem insumos à agricultura. Quem produz
para as lavouras -máquinas,
equipamentos e fertilizantes-
registrou alta de 1,1% em 2004,
após crescimentos que superaram a casa de 10% em cada um
dos dois anos anteriores.
Na contramão, mas com peso
menor na agroindústria e classificado como um ramo à parte, inseticidas, herbicidas e outros defensivos cresceram 22,4% no ano
passado. O aumento da área plantada pelo país (9,2% em relação ao
ano anterior) e a propagação da
ferrugem asiática (praga que atinge a soja) explicam o desempenho, segundo analistas.
Na pecuária, o registro de focos
de febre aftosa no ano passado
impulsionou a indústria de vacinas, que cresceu 10,6%, após retração de 31,4% em 2003.
Já o processamento de produtos
de origem animal foi influenciado, segundo Nunes e Mendes, pelas vendas ao exterior. A conquista de novos mercados ocorreu,
em parte, graças a problemas sanitários -como o mal da vaca
louca- em alguns dos produtores mundiais e à propagação da
gripe do frango na Ásia.
As atividades industriais ligadas
a bovinos e suínos subiram 10,8%.
No subsetor de aves, o crescimento registrado foi de 4,4%.
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