São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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RETOMADA

Amazonas, com alta de 13%, e SP (11,8%) têm maior aumento da produção; Rio é o lanterninha, com 2,4%

Indústria cresce em todas as regiões do país

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O aumento da produção industrial em 2004 atingiu todas as 14 regiões pesquisadas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em São Paulo, o resultado foi recorde: expansão de 11,8%, a maior marca desde 1985.
Naquele ano, o primeiro para o qual o IBGE possui dados comparáveis com os da atual pesquisa, o país vivia um "boom" de consumo após o Plano Cruzado.
Segundo o IBGE, a produção cresceu mais onde as categorias líderes de bens duráveis (veículos e eletrodomésticos) e de capital (máquinas e equipamentos) têm um peso maior na estrutura industrial. São os casos de São Paulo e Amazonas -o Estado teve a alta mais expressiva (13%) em 2004.
"Essas regiões foram favorecidas por conta da presença forte de setores que produzem bens duráveis e de capital, que lideraram a produção da indústria em 2004", disse Isabela Nunes, do Departamento de Indústria do IBGE.
Na indústria paulista, os principais impactos positivos vieram de veículos (29,3%), material eletrônico e de comunicações (45%) e máquinas e equipamentos (21%). Os duráveis foram destaque no Amazonas (Zona Franca), cuja forte expansão na produção de celulares e televisores deu a liderança ao ramo de material eletrônico e de comunicações (23,6%).
Também se beneficiaram regiões nas quais os setores mais importantes estão articulados com exportações e agronegócio, como Goiás (8,4%), Santa Catarina (11,4%) e Pará (10,5%), onde o principal efeito positivo veio da extração de minério de ferro destinada ao mercado externo. Exportações de derivados de soja e de carnes impulsionaram a indústria de Santa Catarina e Goiás.
Além dessas regiões, a produção subiu acima da média nacional -de 8,3%- no Ceará (11,9%), na Bahia (10,1%) e no Paraná (10,1%).
Na outra ponta, a indústria do Rio teve a menor taxa de crescimento (2,4%). O motivo foi a queda da produção de petróleo, provocada pela parada de plataformas da Petrobras e pelo atraso na entrada em operação de novas unidades. No ano, a indústria extrativa do Estado retraiu 3,6%, a primeira desde 1992.
Em dezembro, 13 das 14 regiões pesquisadas elevaram a produção, na comparação com o mesmo mês de 2003. Só houve queda em Pernambuco (-0,5%). O líder foi o Ceará (18,6%). Em São Paulo, a alta foi de 11,9%.
Isabela Nunes, do IBGE, ressalta que no final do ano houve uma mudança "no perfil de crescimento" em quase todas as regiões. As categorias de bens duráveis e de capitais -os primeiros a reagir à crise de 2002 e 2003- desaceleram. Em contrapartida, a produção de não-duráveis (alimentos, vestuário e bebidas) passou a registrar crescimento maior.
Na origem dessa alteração, está a melhora do mercado de trabalho. "O que está acontecendo é um efeito multiplicador dos setores que cresceram primeiro e tiveram de empregar mais. Com isso, aumentou a massa de salários, e mais gente passou a consumir não-duráveis", disse Nunes.
Tal movimento fica nítido pelos dados de São Paulo, onde a indústria de alimentos cresceu 16,2% em dezembro, um dos ramos líderes de produção.


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