São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2005

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CRÉDITO

BNDES avalia possível corte do "spread" nos empréstimos

Cenário econômico abre caminho para redução da TJLP, diz Mantega

JANAINA LAGE
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

O presidente do BNDES, Guido Mantega, afirmou ontem que o cenário econômico permite uma redução da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), atualmente em 9,75% ao ano. Depois da polêmica sobre a taxa com o secretário do Tesouro, Joaquim Levy, Mantega disse que Selic e TJLP têm alvos e objetivos distintos. A primeira taxa, voltada para o curto prazo, precisaria ir atrás das alterações no comportamento da inflação. Já a segunda, destinada ao longo prazo, teria "parâmetros próprios para definir o seu montante".
Segundo Mantega, os fatores limitadores da TJLP são a meta de inflação definida pelo Banco Central e o risco-país. "A composição entre risco-país e inflação esperada no futuro aponta para uma TJLP mais baixa", disse.
Para o presidente do banco de fomento, o CMN (Conselho Monetário Nacional) compartilha da mesma opinião. "Tanto tem concordado que tem mantido a TJLP [no mesmo patamar], apesar de a Selic estar subindo", afirmou.
Segundo Mantega, a tendência de queda da taxa já poderia ser confirmada na próxima reunião do conselho. "O risco-país em queda nos permitiria vislumbrar uma redução da taxa na próxima reunião do CMN que vai tratar deste assunto", disse.
O presidente do BNDES anunciou também que encomendou estudo para determinar a viabilidade de uma redução do "spread" cobrado nas linhas de crédito do banco. O "spread" consiste na diferença entre a taxa que os bancos pagam para captar recursos e o custo cobrado dos clientes nos empréstimos. A declaração surgiu após críticas do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, ao patamar do "spread".
Segundo Mantega, a diferença cobrada pelo banco se situa na faixa de 3,5% a 4%, de acordo com o programa. Ele se mostrou reticente quanto à possibilidade de reduzir o percentual, pois o "spread" engloba também o risco de crédito. "Estamos olhando a composição dos custos das nossas taxas. Num primeiro momento, não estou vendo possibilidade de redução. Nessa taxa, 1,5% é risco de crédito." Quando o BNDES não assume o risco, ele é incorporado aos custos do agente financeiro.


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