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POÇO SEM FUNDO
Instituição vem ao país propor medidas para acabar com fraudes nos benefícios e defender nova reforma no INSS
FMI quer detectar "ralos" da Previdência
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Uma equipe do FMI (Fundo
Monetário Internacional) chegará ao Brasil no próximo mês para
ajudar o governo a fazer um diagnóstico dos "ralos" na Previdência Social e propor medidas para
acabar com as fraudes nos benefícios. A Folha apurou que o Fundo
defende novas reformas no sistema de aposentadorias do INSS.
A visita do Fundo ao Brasil foi
acertada entre o ministro Amir
Lando (Previdência) e a diretora
do Departamento Fiscal do FMI,
Teresa Ter-Minassian. "Acabar
com as fraudes. O FMI avalia que
não há nada mais urgente a ser
feito no momento. Não adianta
fazer uma reforma e os ralos continuarem", declarou o ministro.
Estimativas do Ministério da
Previdência apontam para uma
perda anual entre R$ 10 bilhões e
R$ 15 bilhões com as fraudes. Na
avaliação do Fundo, no entanto,
uma nova reforma nas regras de
aposentadoria dos trabalhadores
da iniciativa privada deve ser feita
para equilibrar as contas da Previdência Social.
Para o FMI, a Previdência básica
e universal no Brasil é um importante instrumento de combate à
pobreza. Mas seria necessário elevar o tempo de contribuição do
trabalhador ou reduzir o valor
dos benefícios para controlar o
déficit previdenciário.
Outras reformas
Em 1998, o governo Fernando
Henrique Cardoso aprovou no
Congresso Nacional uma reforma
da Previdência que afetou trabalhadores que se aposentam pelo
INSS e servidores públicos. O impacto maior das mudanças recaiu
sobre os trabalhadores da iniciativa privada.
Em 2003, no primeiro ano do
governo Lula, foram aprovadas
novas mudanças. Dessa vez, as alterações focaram basicamente no
sistema de aposentadorias do
funcionalismo. Na época, o então
ministro da Previdência, Ricardo
Berzoini, que evitou receber técnicos do FMI em missão no país,
afirmava que o INSS não precisava de novas reformas, pois o déficit do regime estava sob controle.
Financiamento
Na semana passada, Lando esteve em Washington para encontros com o FMI, o Federal Reserve
(banco central americano) e organismos multilaterais, como o
Banco Mundial.
"Esse grupo do FMI vai nos ajudar a dimensionar os problemas,
a fazer um diagnóstico principalmente nas áreas de segurança e
informática. Serão elaboradas
propostas de providências para
um cooperação do Fundo. Vamos
estabelecer as bases de uma parceria", declarou o ministro.
Segundo ele, nas conversas com
o Banco Mundial e com o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento), as instituições multilaterais ofereceram ao Brasil empréstimos para financiar ações de
combate às fraudes. O valor não
foi definido.
Os recursos também poderão
ser usados pela Previdência para
realizar o cadastramento dos aposentados do INSS. Desde ontem, o
ministério iniciou um processo
de recontagem dos aposentados e
pensionistas. Na primeira fase, o
cadastro do INSS será cruzado
com outros bancos de dados do
governo federal (Receita Federal e
Incra).
A previsão é que essa etapa leve
pelo menos 60 dias. Em seguida, a
Previdência procurará os aposentados para verificar inconsistências levantadas no cruzamento
das informações. As associações
que representam os aposentados
devem participar desse processo.
De acordo com Lando, o BID
chegou a oferecer recursos ao
Brasil a fundo perdido para modernizar o sistema informatizado
da Previdência. Nesse caso, o
montante seria menos expressivo.
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