São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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JUROS

Participação diminui de 51,77% para 49,48%; valor atinge R$ 984,93 bi

Dívida atrelada à Selic cai, mas total é de quase R$ 1 tri

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A parcela da dívida pública em títulos federais que é corrigida pela Selic (taxa básica de juros) caiu no mês passado e alcançou a menor marca desde outubro de 2001.
Em janeiro, a participação desses papéis no total da dívida passou de 51,77% para 49,48%. O estoque da dívida atingiu R$ 984,93 bilhões no primeiro mês de 2006 -aumento de 0,5% em relação a dezembro.
Quanto menor a parcela de títulos indexada à Selic melhor para o governo. Esses papéis têm remuneração pós-fixada e sempre que o Banco Central elevar a taxa de juros os gastos do governo com a dívida aumentarão. Um grande volume de títulos pós-fixados também dificulta a administração da dívida, pois há menos previsibilidade, já que não se conhece, antecipadamente, o custo.
A melhora na composição da dívida mobiliária (em títulos) em janeiro foi resultado da emissão recorde de R$ 39,8 bilhões em títulos públicos vinculados a índices de preços.
No mês passado, o Tesouro Nacional vendeu papéis atrelados ao IPCA (NTN-B) e recebeu em troca R$ 11,1 bilhões em dinheiro e R$ 28,6 bilhões em outros papéis. No caso da troca de títulos, foram devolvidos R$ 24,5 bilhões em papéis corrigidos pela Selic.

Prazo maior
O coordenador de Operações da Dívida Pública, Ronnie Tavares, explicou que a oferta do "expressivo volume" de títulos ligados a índices de preços e a devolução dos papéis indexados aos juros melhoraram a composição da dívida, alongaram o prazo médio de vencimento dos títulos e reduziram o percentual de papéis que vencem no prazo de 12 meses.
Além da redução na parcela de títulos com rendimentos vinculados à variação da Selic, o percentual atualizado por índices de preços passou de 15,5% para 19,15%. Já o prazo médio de vencimento do estoque da dívida subiu de 27,4 meses para 28,8 meses. A dívida que vence em até 12 meses caiu de 41,6% para 40,6%.
"Desde novembro, observamos uma tendência mais nítida na migração dos investidores dos títulos atrelados à Selic para papéis corrigidos por índices de preços e prefixados", declarou o coordenador. Ele atribuiu essa migração à trajetória declinante da taxa de juros e à convergência dos índices de inflação para as metas fixadas pelo governo.
Fundos de pensão, fundos de investimento e as tesourarias dos bancos foram os investidores que mais migraram de aplicação. "O potencial de migração dos fundos de pensão é muito alto, mas ainda não ocorreu de verdade", disse Tavares. Neste mês, o Tesouro já emitiu R$ 18 bilhões em títulos corrigidos por índices de preços.

Credor
Em janeiro, a exposição cambial da dívida não só caiu a zero como agora o governo passa a ser credor de dólares no mercado. Em dezembro, a dívida corrigida pelo câmbio era equivalente a 1,2% do estoque. Em janeiro, o governo passou a ser credor de R$ 5,6 bilhões e a exposição cambial ficou negativa em 0,56%.
Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado Aberto do BC, Ivan de Oliveira Lima, neste mês houve o resgate líquido de US$ 2,6 bilhões em instrumentos cambiais (títulos e os chamados "swaps" cambiais).
Nas operações de "swap", o BC paga ao investidor a variação do câmbio e recebe juros. Para reduzir a exposição cambial, o BC vem realizando "swap" reverso. Nessas operações, o BC paga juros e recebe, em troca, a variação do dólar. Se o dólar cai, o BC perde.
Apesar do resgate líquido (resgate acima das emissões) de R$ 7 bilhões realizado em janeiro, a dívida cresceu R$ 5,27 bilhões por causa dos juros que foram incorporados ao estoque de títulos em poder do mercado.
Para este ano, o Plano Anual de Financiamento calcula que a dívida mobiliária ficará entre R$ 1,13 trilhão e R$ 1,2 trilhão.


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