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JUROS
Participação diminui de 51,77% para 49,48%; valor atinge R$ 984,93 bi
Dívida atrelada à Selic cai, mas total é de quase R$ 1 tri
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A parcela da dívida pública em
títulos federais que é corrigida pela Selic (taxa básica de juros) caiu
no mês passado e alcançou a menor marca desde outubro de 2001.
Em janeiro, a participação desses papéis no total da dívida passou de 51,77% para 49,48%. O estoque da dívida atingiu R$ 984,93
bilhões no primeiro mês de 2006
-aumento de 0,5% em relação a
dezembro.
Quanto menor a parcela de títulos indexada à Selic melhor para o
governo. Esses papéis têm remuneração pós-fixada e sempre que
o Banco Central elevar a taxa de
juros os gastos do governo com a
dívida aumentarão. Um grande
volume de títulos pós-fixados
também dificulta a administração
da dívida, pois há menos previsibilidade, já que não se conhece,
antecipadamente, o custo.
A melhora na composição da
dívida mobiliária (em títulos) em
janeiro foi resultado da emissão
recorde de R$ 39,8 bilhões em títulos públicos vinculados a índices de preços.
No mês passado, o Tesouro Nacional vendeu papéis atrelados ao
IPCA (NTN-B) e recebeu em troca R$ 11,1 bilhões em dinheiro e
R$ 28,6 bilhões em outros papéis.
No caso da troca de títulos, foram
devolvidos R$ 24,5 bilhões em papéis corrigidos pela Selic.
Prazo maior
O coordenador de Operações da
Dívida Pública, Ronnie Tavares,
explicou que a oferta do "expressivo volume" de títulos ligados a
índices de preços e a devolução
dos papéis indexados aos juros
melhoraram a composição da dívida, alongaram o prazo médio de
vencimento dos títulos e reduziram o percentual de papéis que
vencem no prazo de 12 meses.
Além da redução na parcela de
títulos com rendimentos vinculados à variação da Selic, o percentual atualizado por índices de preços passou de 15,5% para 19,15%.
Já o prazo médio de vencimento
do estoque da dívida subiu de 27,4
meses para 28,8 meses. A dívida
que vence em até 12 meses caiu de
41,6% para 40,6%.
"Desde novembro, observamos
uma tendência mais nítida na migração dos investidores dos títulos atrelados à Selic para papéis
corrigidos por índices de preços e
prefixados", declarou o coordenador. Ele atribuiu essa migração
à trajetória declinante da taxa de
juros e à convergência dos índices
de inflação para as metas fixadas
pelo governo.
Fundos de pensão, fundos de
investimento e as tesourarias dos
bancos foram os investidores que
mais migraram de aplicação. "O
potencial de migração dos fundos
de pensão é muito alto, mas ainda
não ocorreu de verdade", disse
Tavares. Neste mês, o Tesouro já
emitiu R$ 18 bilhões em títulos
corrigidos por índices de preços.
Credor
Em janeiro, a exposição cambial
da dívida não só caiu a zero como
agora o governo passa a ser credor de dólares no mercado. Em
dezembro, a dívida corrigida pelo
câmbio era equivalente a 1,2% do
estoque. Em janeiro, o governo
passou a ser credor de R$ 5,6 bilhões e a exposição cambial ficou
negativa em 0,56%.
Segundo o chefe do Departamento de Operações do Mercado
Aberto do BC, Ivan de Oliveira Lima, neste mês houve o resgate líquido de US$ 2,6 bilhões em instrumentos cambiais (títulos e os
chamados "swaps" cambiais).
Nas operações de "swap", o BC
paga ao investidor a variação do
câmbio e recebe juros. Para reduzir a exposição cambial, o BC vem
realizando "swap" reverso. Nessas operações, o BC paga juros e
recebe, em troca, a variação do
dólar. Se o dólar cai, o BC perde.
Apesar do resgate líquido (resgate acima das emissões) de R$ 7
bilhões realizado em janeiro, a dívida cresceu R$ 5,27 bilhões por
causa dos juros que foram incorporados ao estoque de títulos em
poder do mercado.
Para este ano, o Plano Anual de
Financiamento calcula que a dívida mobiliária ficará entre R$ 1,13
trilhão e R$ 1,2 trilhão.
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