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IMPOSTOS
MP assinada ontem por Lula será publicada hoje; com reajuste de 8%, devem ficar isentos ganhos mensais até R$ 1.257
Correção da tabela do IR já vale para este mês
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Causando embaraço ao Palácio
do Planalto, o Ministério do Trabalho antecipou-se à Presidência
da República e anunciou que o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou ontem a medida provisória que reajusta a tabela do Imposto de Renda em 8%. As regras
são retroativas a 1º deste mês.
Isso significa que os ganhos recebidos neste mês -referentes a
janeiro ou relativos ao próprio
mês de fevereiro -estão sujeitos
ao novo desconto.
A Receita Federal precisará explicar como deverá ser feita a devolução dos valores já cobrados a
mais dos contribuintes. Com a
correção de 8%, o limite de isenção deverá passar dos atuais R$
1.164 para R$ 1.257.
A divulgação da assinatura da
MP foi repleta de desencontros
dentro do próprio governo. O
Trabalho divulgou uma nota em
sua página na internet no meio da
tarde para informar que o presidente havia assinado a medida
provisória. O texto também dizia
que a nova tabela de desconto do
IR seria retroativa ao dia 1º deste
mês.
Até o início da noite, o Planalto
e a Receita Federal não confirmavam sequer a informação do Trabalho sobre a assinatura da MP. A
Casa Civil chegou a declarar que o
assunto seria tratado em uma reunião com o presidente Lula às 20h
e ainda não havia definição se a
nova tabela seria fixada por MP
ou por projeto de lei.
Mais tarde, a Casa Civil declarou que o presidente assinou a
MP, que deverá ser publicada no
"Diário Oficial" da União hoje. A
assessoria jurídica da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil) negou inicialmente que houvesse retroatividade na medida e informou que isso não poderia ser feito
do ponto de vista legal. Pouco antes das 21h, a Casa Civil voltou
atrás e confirmou que a aplicação
é retroativa ao início deste mês.
Na semana passada, o ministro
Luiz Marinho (Trabalho) já havia
afirmado que a correção valeria a
partir do primeiro dia deste mês.
A Folha apurou que a intenção do
Ministério da Fazenda era adiar o
início da vigência da nova tabela
para março.
Acordo
A correção da tabela do IR em
8% foi negociada com as centrais
sindicais em conjunto com o debate sobre o aumento do salário
mínimo, que será elevado de R$
300 para R$ 350 a partir de abril.
No dia 24 de janeiro, quando o
acordo foi fechado com os sindicalistas, o governo não deixou claro a data de aplicação da nova tabela. Os próprios sindicalistas saíram confusos da reunião.
Desde então, o governo vinha
dando sinais contraditórios sobre
a data para a vigência da nova tabela. No final de janeiro, técnicos
da Receita afirmaram que o aumento seria aplicado a partir deste mês. Como muitas empresas já
tinham rodado a folha do mês (referente ao salário de janeiro), a explicação dada foi a de que as empresas poderiam rodar uma nova
folha para devolver o valor descontado a mais dos empregados.
No dia seguinte, porém, a Receita negou as informações. Foi então a vez de Marinho declarar que
a nova tabela teria efeito a partir
deste mês. "A correção da tabela
virá por MP. Ela precisa entrar em
vigor a partir de 1º de fevereiro",
disse o ministro, na semana passada, ao entregar o projeto de lei
do aumento do salário mínimo ao
Congresso Nacional.
Essa é a segunda vez que o governo Lula reajusta a tabela do
Imposto de Renda. No ano passado, a correção foi de 10%.
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