São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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BANCOS

Imóveis devem impulsionar o crédito no ano

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão do crédito que alimentou o lucro dos bancos em 2005, puxada pelos empréstimos com desconto em folha de salários (consignado), deve ter neste ano uma nova mola propulsora: o crédito imobiliário. "Essa é a carteira com maior potencial de crescimento em 2006", diz Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro.
O total de empréstimos dos bancos privados para aquisição de imóveis chegou a R$ 4,7 bilhões, no ano passado, segundo dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Para 2006, a previsão é que os bancos apliquem cerca de R$ 18,5 bilhões em habitação no país.
O crédito imobiliário foi uma das carteiras que registrou maior expansão na área de crédito do banco ABN Amro, no ano passado - de 35%, totalizando R$ 1,6 bilhões em carteira. "O banco foi o que mais cresceu no segmento, depois da Caixa Econômica Federal", afirma Barbosa. A participação do ABN Amro no mercado total de crédito imobiliário evoluiu de 4,8%, em 2005, para 5,8% em 2005.
Segundo Barbosa, no mundo todo os empréstimos aquisição de imóveis são a maior carteira dos bancos. "No Brasil o mercado total é de apenas R$ 30 bilhões. É muito pequeno", observa. "O arcabouço jurídico não era favorável à expansão do crédito imobiliário, mas as novas regras como a alienação fiduciária do imóvel (o bem fica no nome do credor, o que lhe dá mais garantias) vêm permitindo a expansão dessa carteira desde 2005.
E isso deve prosseguir, "apesar do juro alto que inviabiliza outras fontes de captação para abastecer o crédito imobiliário que não a poupança", diz ele. A aposta no setor imobiliário deve ajudar a expansão da carteira de crédito do varejo. Em 2005, a carteira de varejo do ABN cresceu 39%.

Câmbio
Segundo as projeções do ABN Amro para este ano a valorização do real não deverá provocar uma reversão na balança comercial. O banco estima entre US$ 40 bilhões e US$ 45 bilhões o saldo no comércio internacional em 2006.
"Não é mais o câmbio que explica a balança comercial, e sim o saldo da balança que explica o movimento do câmbio", diz Hugo Penteado, economista do ABN Amro Asset Management. Ele destaca que a apreciação do câmbio está sendo compensada pelo aumento dos preços das commodities e pela demanda mundial.
Mas Barbosa reconhece que a apreciação cambial está gerando um certo "incômodo no mercado, que ainda busca formas de conviver com a nova realidade de uma entrada maciça de dólares". Ele considera positivas as medidas de flexibilização da legislação cambial proposta pelo governo.
Só a revisão das normas entretanto, não bastará para equilibrar a taxa de câmbio. "Nenhuma medida isolada será suficiente. É preciso que as importações reajam, que haja mais crescimento econômico e que os juros caiam mais para o câmbio recuar", afirma Barbosa.


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