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BANCOS
Imóveis devem impulsionar o crédito no ano
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão do crédito que alimentou o lucro dos bancos em
2005, puxada pelos empréstimos
com desconto em folha de salários (consignado), deve ter neste
ano uma nova mola propulsora: o
crédito imobiliário. "Essa é a carteira com maior potencial de crescimento em 2006", diz Fábio Barbosa, presidente do ABN Amro.
O total de empréstimos dos
bancos privados para aquisição
de imóveis chegou a R$ 4,7 bilhões, no ano passado, segundo
dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança). Para
2006, a previsão é que os bancos
apliquem cerca de R$ 18,5 bilhões
em habitação no país.
O crédito imobiliário foi uma
das carteiras que registrou maior
expansão na área de crédito do
banco ABN Amro, no ano passado - de 35%, totalizando R$ 1,6
bilhões em carteira. "O banco foi
o que mais cresceu no segmento,
depois da Caixa Econômica Federal", afirma Barbosa. A participação do ABN Amro no mercado
total de crédito imobiliário evoluiu de 4,8%, em 2005, para 5,8%
em 2005.
Segundo Barbosa, no mundo
todo os empréstimos aquisição de
imóveis são a maior carteira dos
bancos. "No Brasil o mercado total é de apenas R$ 30 bilhões. É
muito pequeno", observa. "O arcabouço jurídico não era favorável à expansão do crédito imobiliário, mas as novas regras como a
alienação fiduciária do imóvel (o
bem fica no nome do credor, o
que lhe dá mais garantias) vêm
permitindo a expansão dessa carteira desde 2005.
E isso deve prosseguir, "apesar
do juro alto que inviabiliza outras
fontes de captação para abastecer
o crédito imobiliário que não a
poupança", diz ele. A aposta no
setor imobiliário deve ajudar a expansão da carteira de crédito do
varejo. Em 2005, a carteira de varejo do ABN cresceu 39%.
Câmbio
Segundo as projeções do ABN
Amro para este ano a valorização
do real não deverá provocar uma
reversão na balança comercial. O
banco estima entre US$ 40 bilhões e US$ 45 bilhões o saldo no
comércio internacional em 2006.
"Não é mais o câmbio que explica a balança comercial, e sim o
saldo da balança que explica o
movimento do câmbio", diz Hugo Penteado, economista do ABN
Amro Asset Management. Ele
destaca que a apreciação do câmbio está sendo compensada pelo
aumento dos preços das commodities e pela demanda mundial.
Mas Barbosa reconhece que a
apreciação cambial está gerando
um certo "incômodo no mercado, que ainda busca formas de
conviver com a nova realidade de
uma entrada maciça de dólares".
Ele considera positivas as medidas de flexibilização da legislação
cambial proposta pelo governo.
Só a revisão das normas entretanto, não bastará para equilibrar
a taxa de câmbio. "Nenhuma medida isolada será suficiente. É preciso que as importações reajam,
que haja mais crescimento econômico e que os juros caiam mais
para o câmbio recuar", afirma
Barbosa.
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