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Venda no comércio cresce 6,2% em 2006
Resultado é o segundo melhor desde 2001; setor foi beneficiado pelo dólar baixo, pela inflação controlada e pelo Bolsa Família
Setor de hipermercados liderou crescimento, com alta de 7,6%; importação
fez aumentar vendas de móveis e eletrodomésticos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
As vendas do comércio varejista fecharam 2006 com crescimento de 6,2%. Trata-se da
maior expansão registrada desde 2004, quando o setor registrou alta de 9,25%, e o segundo
melhor resultado da série, iniciada em 2001.
O comércio varejista foi beneficiado pelo dólar baixo, pela
inflação controlada, por programas sociais e pela oferta de
crédito, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
"A valorização do real facilitou a entrada de produtos importados, o que barateou o preço em algumas atividades",
afirmou Reinaldo Pereira, da
Coordenação de Comércio e
Serviços.
A apreciação do real teve
efeitos distintos na indústria e
no comércio. A indústria fechou 2006 com alta de 2,8%,
afetada pela entrada de produtos importados e pelos efeitos
do dólar barato sobre os setores
exportadores.
Já o comércio avançou 6,2%,
impulsionado pelo aumento da
concorrência em razão da
maior oferta de importados. O
comércio cresceu 17,1% no governo Lula, contra uma expansão de 14,9% da indústria.
O setor que mais influenciou
o resultado de 2006 foi o de hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que
acumulou alta de 7,6% no ano
passado.
Segundo o IBGE, a expansão
é resultado da combinação do
aumento da massa de salários
com a estabilidade de preços.
A inflação medida pelo IPCA
(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano com
alta de 3,14%, abaixo do centro
da meta estipulada pelo Banco
Central, de 4,5%.
A atividade de móveis e eletrodomésticos representou a
segunda maior influência, com
alta de 10,3%. Os preços caíram
em razão da concorrência com
importados.
O setor de equipamentos de
informática teve alta de 30,1%,
puxada pela valorização do real
e pela isenção de PIS/Cofins
para computadores de até R$
2.500.
Em compensação, o segmento de combustíveis e lubrificantes recuou 8,1% por conta da alta de preços e da racionalização
do consumo, com a substituição da gasolina por álcool ou
por gás.
Segundo cálculos do economista Maurício Moura, da consultoria Gouvêa de Souza &
MD, outro fator que impulsionou o setor foi o desempenho
das regiões Norte e Nordeste.
Sem elas, o comércio teria crescido 5,3% no ano passado.
Nessas regiões, o consumo
foi beneficiado pelos programas sociais, como o Bolsa Família. Em termos percentuais,
Roraima liderou o crescimento
com alta de 30,13% do comércio. São Paulo teve alta de
5,75%.
Segundo Carlos Thadeu de
Freitas, da Confederação Nacional do Comércio, o setor deve crescer em ritmo menos acelerado em 2007 por conta da
desaceleração do crédito, apesar da perspectiva de crescimento mais acelerado da economia. "O comércio deve crescer novamente, mas em ritmo
mais modesto porque o crédito
desacelerou e a inadimplência
cresceu", disse.
Em dezembro, as vendas recuaram 0,5%. Segundo o IBGE,
a queda foi resultado da antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas.
Economistas destacam também o alto nível de endividamento. Com isso, houve uma
antecipação do consumo e do
pagamento de dívidas nos meses anteriores. Na comparação
com dezembro de 2005, o comércio cresceu 5,7%.
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