São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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Venda no comércio cresce 6,2% em 2006

Resultado é o segundo melhor desde 2001; setor foi beneficiado pelo dólar baixo, pela inflação controlada e pelo Bolsa Família

Setor de hipermercados liderou crescimento, com alta de 7,6%; importação fez aumentar vendas de móveis e eletrodomésticos


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas do comércio varejista fecharam 2006 com crescimento de 6,2%. Trata-se da maior expansão registrada desde 2004, quando o setor registrou alta de 9,25%, e o segundo melhor resultado da série, iniciada em 2001.
O comércio varejista foi beneficiado pelo dólar baixo, pela inflação controlada, por programas sociais e pela oferta de crédito, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"A valorização do real facilitou a entrada de produtos importados, o que barateou o preço em algumas atividades", afirmou Reinaldo Pereira, da Coordenação de Comércio e Serviços.
A apreciação do real teve efeitos distintos na indústria e no comércio. A indústria fechou 2006 com alta de 2,8%, afetada pela entrada de produtos importados e pelos efeitos do dólar barato sobre os setores exportadores.
Já o comércio avançou 6,2%, impulsionado pelo aumento da concorrência em razão da maior oferta de importados. O comércio cresceu 17,1% no governo Lula, contra uma expansão de 14,9% da indústria.
O setor que mais influenciou o resultado de 2006 foi o de hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que acumulou alta de 7,6% no ano passado.
Segundo o IBGE, a expansão é resultado da combinação do aumento da massa de salários com a estabilidade de preços.
A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) fechou o ano com alta de 3,14%, abaixo do centro da meta estipulada pelo Banco Central, de 4,5%.
A atividade de móveis e eletrodomésticos representou a segunda maior influência, com alta de 10,3%. Os preços caíram em razão da concorrência com importados.
O setor de equipamentos de informática teve alta de 30,1%, puxada pela valorização do real e pela isenção de PIS/Cofins para computadores de até R$ 2.500.
Em compensação, o segmento de combustíveis e lubrificantes recuou 8,1% por conta da alta de preços e da racionalização do consumo, com a substituição da gasolina por álcool ou por gás.
Segundo cálculos do economista Maurício Moura, da consultoria Gouvêa de Souza & MD, outro fator que impulsionou o setor foi o desempenho das regiões Norte e Nordeste. Sem elas, o comércio teria crescido 5,3% no ano passado.
Nessas regiões, o consumo foi beneficiado pelos programas sociais, como o Bolsa Família. Em termos percentuais, Roraima liderou o crescimento com alta de 30,13% do comércio. São Paulo teve alta de 5,75%.
Segundo Carlos Thadeu de Freitas, da Confederação Nacional do Comércio, o setor deve crescer em ritmo menos acelerado em 2007 por conta da desaceleração do crédito, apesar da perspectiva de crescimento mais acelerado da economia. "O comércio deve crescer novamente, mas em ritmo mais modesto porque o crédito desacelerou e a inadimplência cresceu", disse.
Em dezembro, as vendas recuaram 0,5%. Segundo o IBGE, a queda foi resultado da antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados e pensionistas.
Economistas destacam também o alto nível de endividamento. Com isso, houve uma antecipação do consumo e do pagamento de dívidas nos meses anteriores. Na comparação com dezembro de 2005, o comércio cresceu 5,7%.


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