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Captação externa pode ficar mais difícil
Países emergentes devem encontrar dificuldades para fazer emissão de títulos da dívida, apesar de resultado de janeiro
No começo do ano, Brasil e Colômbia levantaram US$ 1 bi
em "bonds" com vencimento em dez anos; Filipinas obtiveram US$ 1,5 bi
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A janela de oportunidades
que possibilitou a países emergentes fazer emissão de papéis
de dívida soberana em janeiro
pode não continuar "aberta e
sustentável" no resto do ano,
segundo Nick Chamie, economista-chefe para mercados
emergentes do Royal Bank of
Canada, em Toronto.
"Para a dívida soberana brasileira, eu acredito que a janela
estará lá, num montante razoável, talvez, outros US$ 3 bilhões
para o resto do ano. Mas eu
acho que eles claramente querem muito mais que isso."
Brasil e Colômbia levantaram no começo de janeiro US$
1 bilhão em "bonds" com vencimento em dez anos. As Filipinas atingiram US$ 1,5 bilhão,
também em papéis com maturidade similar, enquanto a Turquia emitiu US$ 1 bilhão em títulos que vencem em 2017.
"Eu não tomaria janeiro como referência para o resto do
ano", afirmou Chamie.
"As empresas no Brasil quase
certamente não serão capazes
de emitir com o tipo de habilidade requerida. Dos cerca de
US$ 22 bilhões, muito pouco
disso está sendo capaz de ser
rolado no mercado internacional. Na verdade, menos de 50%,
quer dizer, para cerca US$ 15
bilhões vão ter que buscar outras fontes, ou recursos domésticos, e neste contexto de liquidez muito mais apertada."
Para Chamie, todas as condições estão mudando no sentido
de causar mais estresse financeiro e a possibilidade de problemas com crédito. "Certamente também para o Brasil."
Em entrevista à Folha, no
Fórum Econômico Mundial,
encerrado no dia 1º, na Suíça, o
presidente do BC, Henrique
Meirelles reconheceu que "a
colocação de papéis está restrita para todo mundo". "Tanto
que a colocação de papéis do
Brasil foi considerada um sucesso, porque foi uma taxa considerada atraente, menor que a
do México, por exemplo."
Segundo ele, o Brasil não tem
tanta necessidade de rolagem e
tem reservas elevadas. "O problema maior é de quem não
têm reservas. E tem o financiamento do comércio, problema
grande e imediato", disse. "A
rolagem da dívida é um problema mais de médio prazo."
Do setor privado brasileiro, o
número total de vencimentos
entre 1º de outubro de 2008 e
31 de dezembro de 2009 somando empréstimos, leasing e
juros dará um pouco mais de
US$ 30 bilhões, de acordo com
o presidente do BC.
"É exatamente a parte que
nós vamos cobrir com o novo
programa [de financiamento
para empresas brasileiras com
dívida externa]. Só que a rolagem está acontecendo hoje em
dia numa faixa de 50%, existe
uma expectativa de que deva
existir uma demanda de cerca
de metade disso, US$ 15 bilhões, ou , para ser conservador, um número superior, até
de US$ 20 bilhões", afirmou.
Para Chamie, a diferença de
taxas obtidas por Brasil e México está mais relacionada ao enfraquecimento do câmbio mexicano e a problemas domésticos do país. Ele também considera que o Brasil foi razoavelmente bem-sucedido. "Foi melhor que seus pares, mas ainda
temos onze meses neste ano."
"O Brasil terá significativa
pressão na balança de pagamentos, o colapso nos preços
de commodities terá forte efeito no fluxo de dólar para o país,
o Brasil está mais colado nas
perspectivas de crescimento
global e, claro, essas perspectivas continuam a piorar muito
rapidamente", diz o canadense.
"Além do nível muito alto de
estresse no mercado financeiro
internacional, acredito que o
Brasil continuará a encarar significativos ventos contrários."
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