São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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PIB japonês tem maior queda em 34 anos

Segunda maior economia mundial encolhe 12,7% no 4º trimestre do ano passado e mostra situação pior que EUA e Europa

Economia japonesa está em recessão desde novembro de 2007, e FMI estima retração de 2,6% neste ano, na maior queda desde o pós-Guerra


DA REDAÇÃO

A economia japonesa engrenou o terceiro trimestre seguido de retração e o tombo foi o maior em 34 anos, mostrando resultados ainda piores que os dos Estados Unidos e da Europa e que a crise ganhou no final do ano passado ritmo e alcance não visto em décadas.
Com as exportações, seu tradicional motor, em queda e o mesmo acontecendo com a demanda interna, o Japão encolheu 12,7% na taxa anualizada nos últimos três meses de 2008, 10,4 pontos percentuais mais que trimestre anterior e o pior resultado desde 1974, na época do choque do petróleo, quando o recuo foi de 13,1%.
Para ter uma ideia da intensidade da crise na segunda maior economia mundial, o PIB (Produto Interno Bruto) japonês se retraiu em 3,3% no quarto trimestre em relação aos três meses anteriores. Já a Alemanha, a maior economia europeia e que, assim como a japonesa, tem um forte setor exportador, teve queda de 2,1% nessa mesma comparação, e os Estados Unidos, o epicentro da crise global, recuaram 1%.
Os últimos três meses de 2008 foram marcados pela concordata do banco Lehman Brothers na metade de setembro, detonando o agravamento da crise global e, consequentemente, da economia japonesa, que, segundo painel do governo, está em recessão desde novembro de 2007.
No caso japonês, essa piora da crise pode ser lida nos números do PIB: as exportações de bens e serviços recuaram 45% na taxa anualizada e a demanda privada caiu 2,6%. A taxa anualizada significa que, caso o número do trimestre se repita nos nove meses seguintes, esse será o dado final do ano.
Com a demanda mundial por carros e eletrônicos em queda devido à crise, as exportações japonesas estão em queda e grandes empresas do país vêm anunciando nos últimos dias demissões em massa, apontando que elas não esperam uma recuperação no curto prazo.
Companhias como Panasonic, Pioneer, Nissan e NEC disseram que pretendem fechar 65 mil postos de trabalho (a maior parte deles no Japão), além de várias fábricas, e outras, como a Toyota, que recentemente se tornou a maior montadora mundial, esperam o seu primeiro prejuízo anual para o período de 12 meses que se encerra em 31 de março.
Além dos problemas da crise, que diminuiu fortemente o apetite dos consumidores pelo mundo, as empresas japonesas enfrentam a valorização do iene, que derrubou a competitividade no exterior dos produtos do país asiático.
Com isso, a sua produção industrial recuou 9,6% em dezembro do ano passado, a maior queda desde o início do levantamento, em 1953, e a estimativa do governo é a de que tenha ocorrido uma nova retração de em torno de 9% no mês passado, sinalizando que a crise não perdeu força neste começo do ano. E a confiança das famílias, que representam cerca da metade da economia, está no menor nível em 26 anos.
A previsão do FMI é que o país encolherá 2,6% neste ano, que, se confirmada, será a maior queda no pós-Guerra.
Para o ministro da Economia do Japão, Kaoru Yosano, o país vive a pior crise econômica desde o fim da Segunda Guerra, em 1945. "Não há nenhuma dúvida sobre isso", disse, complementando que o governo não pretende lançar novos planos para estimular a economia.
Para tentar reanimar a economia, o governo já lançou três pacotes de estímulo desde agosto do ano passado que, somados, chegam a quase US$ 700 bilhões (metade do PIB brasileiro de 2007), mas parte desses planos ainda está parada no Congresso, aguardando aprovação. E os juros estão em 0,1%, mas o BC não descarta a volta da política de taxa zero, adotada entre 2001 e 2006.


Com agências internacionais


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