São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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CONSUMO

Em janeiro, crescimento foi de 6,24% em relação a igual mês do ano passado

Comércio vende mais pelo 14º mês seguido, diz IBGE

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

As vendas no comércio varejista no país registraram crescimento de 6,24% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o 14º mês seguido de alta nas vendas.
O resultado de janeiro, no entanto, dá sinais de desaceleração. Em dezembro de 2004, as vendas haviam crescido 11,42% na comparação com dezembro de 2003.
O IBGE atribui o resultado à melhora na base de comparação, já que o crescimento expressivo de 2004 foi beneficiado pelos fracos resultados de 2003. Ou seja, como os dados do ano passado já mostraram a recuperação do comércio, que fechou o ano com crescimento de 9,25%, é natural que os índices de 2005 não sejam tão elevados. Em 2003, o setor teve uma queda de 3,67%.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio) Carlos Thadeu de Freitas concorda com a análise do IBGE. "São dados bons para o mês de janeiro porque o ano passado foi um ano gordo para o comércio. O comércio não mostrou ainda sinais de que está desacelerando."
Para ele, o desempenho do setor está resistindo à política de alta dos juros praticada desde setembro do ano passado pelo Banco Central porque os prazos de financiamento no comércio estão ficando mais longos. "Apesar de os juros estarem subindo, as prestações ainda estão cabendo dentro do bolso do consumidor."
Levantamento da Anefac (associação dos executivos de finanças) mostra que os juros para o consumidor no comércio atingiram o nível mais elevado em 12 meses. Em fevereiro, chegaram a 6,10% ao mês e a 103,51% ao ano.
Segundo o economista, o cenário pode mudar caso o BC não encerre o ciclo de alta dos juros. "Se o Banco Central continuar aumentando as taxas, os juros do comércio vão aumentar mais. Aí acredito que o comércio vai desacelerar mesmo. Mas, se o BC der sinais de que é o final do ciclo, não acredito que o comércio vá desacelerar. Deve continuar com resultados favoráveis. Menos fortes do que no ano passado, mas vai crescer na faixa de 5%."
"Está havendo muita competição entre as financeiras para dar crédito", disse Freitas. "O crédito fácil, aliado a alguma recuperação dos salários, principalmente com o aumento do salário mínimo em maio [para R$ 300], vai permitir que o comércio não tenha desaceleração como a indústria."
Pesquisa do IBGE mostra redução de 0,5% na produção industrial em janeiro na comparação com dezembro, a maior queda desde fevereiro de 2004.
O IBGE não faz a comparação, na pesquisa de comércio, de um mês com o mês anterior. Com base nos dados do instituto, a CNC calcula que o setor tenha crescido 0,3% em janeiro sobre dezembro (com ajuste sazonal). Uma alta bem inferior à registrada na comparação dezembro com novembro de 2004, que foi de 1,5%.

Vendas da CBD
Ontem, a CBD (Companhia Brasileira de Distribuição), dona das redes Pão de Açúcar, Extra, Eletro, CompreBem Barateiro e Sendas, divulgou que suas vendas reais no mês passado caíram 1,3% em relação ao mesmo mês de 2004 (descontada a inflação medida pelo IPCA). O resultado exclui da comparação as lojas abertas nos últimos 12 meses.
Para o grupo, o resultado de fevereiro foi influenciado pelo "efeito calendário desfavorável": foram 28 dias em 2005 contra 29 dias em 2004 (um domingo a menos). Segundo o grupo, esse resultado negativo será compensado com as vendas de Páscoa -que devem equilibrar as vendas.


Colaborou a Folha Online


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