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CONSUMO
Em janeiro, crescimento foi de 6,24% em relação a igual mês do ano passado
Comércio vende mais pelo
14º mês seguido, diz IBGE
GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO
As vendas no comércio varejista
no país registraram crescimento
de 6,24% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano
passado. Segundo a pesquisa do
IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é o 14º mês seguido de alta nas vendas.
O resultado de janeiro, no entanto, dá sinais de desaceleração.
Em dezembro de 2004, as vendas
haviam crescido 11,42% na comparação com dezembro de 2003.
O IBGE atribui o resultado à
melhora na base de comparação,
já que o crescimento expressivo
de 2004 foi beneficiado pelos fracos resultados de 2003. Ou seja,
como os dados do ano passado já
mostraram a recuperação do comércio, que fechou o ano com
crescimento de 9,25%, é natural
que os índices de 2005 não sejam
tão elevados. Em 2003, o setor teve uma queda de 3,67%.
O economista da CNC (Confederação Nacional do Comércio)
Carlos Thadeu de Freitas concorda com a análise do IBGE. "São
dados bons para o mês de janeiro
porque o ano passado foi um ano
gordo para o comércio. O comércio não mostrou ainda sinais de
que está desacelerando."
Para ele, o desempenho do setor
está resistindo à política de alta
dos juros praticada desde setembro do ano passado pelo Banco
Central porque os prazos de financiamento no comércio estão
ficando mais longos. "Apesar de
os juros estarem subindo, as prestações ainda estão cabendo dentro do bolso do consumidor."
Levantamento da Anefac (associação dos executivos de finanças)
mostra que os juros para o consumidor no comércio atingiram o
nível mais elevado em 12 meses.
Em fevereiro, chegaram a 6,10%
ao mês e a 103,51% ao ano.
Segundo o economista, o cenário pode mudar caso o BC não encerre o ciclo de alta dos juros. "Se
o Banco Central continuar aumentando as taxas, os juros do
comércio vão aumentar mais. Aí
acredito que o comércio vai desacelerar mesmo. Mas, se o BC der
sinais de que é o final do ciclo, não
acredito que o comércio vá desacelerar. Deve continuar com resultados favoráveis. Menos fortes
do que no ano passado, mas vai
crescer na faixa de 5%."
"Está havendo muita competição entre as financeiras para dar
crédito", disse Freitas. "O crédito
fácil, aliado a alguma recuperação
dos salários, principalmente com
o aumento do salário mínimo em
maio [para R$ 300], vai permitir
que o comércio não tenha desaceleração como a indústria."
Pesquisa do IBGE mostra redução de 0,5% na produção industrial em janeiro na comparação
com dezembro, a maior queda
desde fevereiro de 2004.
O IBGE não faz a comparação,
na pesquisa de comércio, de um
mês com o mês anterior. Com base nos dados do instituto, a CNC
calcula que o setor tenha crescido
0,3% em janeiro sobre dezembro
(com ajuste sazonal). Uma alta
bem inferior à registrada na comparação dezembro com novembro de 2004, que foi de 1,5%.
Vendas da CBD
Ontem, a CBD (Companhia
Brasileira de Distribuição), dona
das redes Pão de Açúcar, Extra,
Eletro, CompreBem Barateiro e
Sendas, divulgou que suas vendas
reais no mês passado caíram 1,3%
em relação ao mesmo mês de
2004 (descontada a inflação medida pelo IPCA). O resultado exclui
da comparação as lojas abertas
nos últimos 12 meses.
Para o grupo, o resultado de fevereiro foi influenciado pelo "efeito calendário desfavorável": foram 28 dias em 2005 contra 29
dias em 2004 (um domingo a menos). Segundo o grupo, esse resultado negativo será compensado
com as vendas de Páscoa -que
devem equilibrar as vendas.
Colaborou a Folha Online
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