São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2005

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CAPITALISMO VERMELHO

Executivo teria cobrado propina para conceder empréstimos

Chairman de banco chinês é afastado

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O chairman do China Construction Bank, uma das quatro maiores instituições financeiras da China, foi afastado do cargo por suspeita de corrupção, em mais um escândalo que pode afetar os planos do governo de atrair sócios estrangeiros e abrir o capital de bancos estatais neste ano.
As razões da queda de Zhang Enzhao, 59, não estavam claras ontem, mas fontes do mercado financeiro apontavam para a suspeita de cobrança de propina na concessão de grandes empréstimos. Zhang assumiu o cargo de presidente do banco em janeiro de 2002, em substituição a Wang Xuebing, também afastado e preso sob acusação de corrupção. No ano passado, Zhang foi promovido a chairman da instituição.
A sucessão de escândalos dá a dimensão das dificuldades que o governo chinês enfrenta para aperfeiçoar a governança corporativa e instituir sistemas de fiscalização eficazes em bancos que durante décadas foram regidos por princípios mais políticos do que financeiros.
No fim de 2003, o China Construction Bank e o Bank of China receberam uma injeção conjunta de capital de US$ 45 bilhões (R$ 121,5 bilhões), dentro do processo de reestruturação para o lançamento de ações no mercado.
Os dois bancos foram escolhidos pelo governo para serem os primeiros dos quatro grandes bancos estatais a abrirem o capital. Os outros dois, Industrial and Commercial Bank of China e Agricultural Bank of China devem receber capitalização em valor semelhante neste ano.
A corrupção é uma dos mais graves problemas enfrentados pelo Partido Comunista da China, que o reconhece como uma das principais ameaças à sua permanência no poder.
Os casos de corrupção ficaram mais graves com as reformas econômicas iniciadas no fim de 1978, que levaram o país a crescer a uma média próxima de 9% nos últimos 26 anos. A situação se agravou nos anos 90, quando bilhões de dólares em investimentos estrangeiros entraram no país a cada ano.


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