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CÂMBIO
Somente em duas semanas deste mês ingresso somou US$ 3,39 bi; em fevereiro foram US$ 7,75 bi, e, no ano, US$ 13,09 bi
Entrada de dólares no país continua elevada
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O fluxo de dólares para o Brasil
permaneceu elevado nas duas
primeiras semanas deste mês, segundo dados preliminares do
Banco Central. Nesse período, o
país recebeu o equivalente a US$
3,392 bilhões referentes a operações comerciais e financeiras.
Em fevereiro, o ingresso de divisas foi de US$ 7,750 bilhões -o
valor mais alto registrado pelo BC
desde 1998. Neste ano, o fluxo já
chega a US$ 13,091 bilhões.
A principal fonte de dólares
continua sendo a balança comercial. Neste mês, os exportadores
trouxeram US$ 4,178 bilhões para
o Brasil, mais do que o suficiente
para compensar as remessas de
US$ 2,204 bilhões feitas por importadores no mesmo período.
As operações financeiras -que
se referem, principalmente, a empréstimos contraídos no exterior
e a investimentos estrangeiros-,
também nas duas primeiras semanas deste mês, responderam
pela entrada líquida de US$ 1,417
bilhão no país.
Dólar em queda
Os números ajudam a explicar a
contínua queda do dólar: diante
da grande oferta de divisas no
mercado, são poucos os motivos
que poderiam fazer com que a cotação da moeda subisse.
Para Marcelo Salomon, economista-chefe do Unibanco, se depender da situação das contas externas, o real ainda vai continuar
valorizado por algum tempo. "O
balanço de pagamentos continua
bem equilibrado, e os juros reais
ainda são muito altos, o que ajuda
a explicar a valorização do real."
Os juros altos estimulam a entrada de capitais estrangeiros, que
são atraídos pela alta rentabilidade oferecida por títulos de renda
fixa negociados no Brasil. Essa
tendência pode se reforçar com a
medida, tomada pelo governo no
início do ano, de isentar do IR os
investidores externos que aplicam em títulos públicos.
Para Salomon, o que pode puxar o dólar um pouco para cima é
o processo eleitoral. Embora considere bem pouco provável que
turbulências como as das eleições
de 2002 se repitam, o economista
afirma que as propostas dos candidatos precisarão ser acompanhadas de perto.
"O que se ouve nos dois partidos [PT e PSDB] é a defesa de um
câmbio mais desvalorizado e de
juros mais baixos. Tudo vai depender das propostas de como se
vai chegar lá", afirma Salomon.
Ele ressalta, porém, que "grandes
mudanças não vão acontecer", e
diz que, mesmo com as eleições
de outubro, o dólar deve encerrar
o ano perto de R$ 2,25.
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