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Estrangeiros tiram R$ 1,04 bi da Bovespa no começo de março
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os primeiros dez dias do mês
não foram dos melhores para a
Bolsa de Valores de São Paulo. No
período, os investidores estrangeiros mais venderam que compraram ações na Bovespa, no
montante de R$ 1,04 bilhão.
Essa saída de capital externo da
Bovespa é explicada pela deterioração das expectativas no mercado internacional. Na semana passada, analistas e investidores estrangeiros passaram a temer a
possibilidade de as taxas de juros
nas grandes economias subirem
mais rapidamente do que o esperado. Isso fez com que muito dinheiro saísse de ativos (ações, títulos e moedas) de emergentes,
como o Brasil.
Na semana passada, com os estrangeiros - que respondem por
cerca de 35% de todos os negócios
feitos na Bolsa- vendendo ações
de forma acelerada, o Ibovespa,
principal índice do mercado local,
despencou 5,99%.
Mas, nesta semana, os ânimos
se acalmaram e esse cenário começou a se inverter. Tanto que a
Bovespa está com valorização
acumulada de 3,67% na semana.
O estrago só não foi maior na
semana passada porque os investidores locais mais compraram
que venderam ações no período.
Considerando o segmento de pessoa física, o balanço dos negócios
feitos nos primeiros dez dias de
março ficou positivo em R$ 552,3
milhões. No caso dos investidores
institucionais (especialmente
fundos de pensão), esse saldo ficou positivo em R$ 378,3 milhões.
Profissionais do mercado afirmam que os estrangeiros têm voltado a comprar mais ações brasileiras nos últimos dias, o que tem
ajudado a dar fôlego ao mercado
doméstico.
No acumulado do ano, o saldo
dos negócios feitos com capital
externo está positivo em R$ 1,013
bilhão. Em todo 2005, esse balanço foi positivo em R$ 5,86 bilhões.
Depois de operar em alta durante todo o pregão de ontem, o Ibovespa registrou valorização de
1,87%. Na máxima do dia, a Bolsa
bateu nos 2,13% de alta.
Os números apresentados pelo
"Livro Bege" -documento com
dados econômicos americanos,
feito pelo Fed, o banco central do
país- foram bem recebidos no
mercado internacional, impulsionando as principais Bolsas de Valores no fim da tarde de ontem.
O documento mostra que o
mercado de trabalho está bom e
isso faz com que os salários subam modestamente na maioria
das regiões pesquisadas. Também
diz que os preços ao consumidor
estão subindo moderadamente,
mesmo com o aumento dos preços de energia e a alta dos custos
de matérias-primas.
A indicação do governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin, para
concorrer à eleição presidencial
pelo PSDB, também teve receptividade positiva no mercado.
Dólar baixo
Mais uma queda do dólar não
foi suficiente para fazer com que o
Banco Central voltasse a atuar no
mercado futuro de câmbio. O dólar teve sua quinta queda consecutiva ontem, encerrando vendido a R$ 2,122 (baixa de 0,19%).
O BC comprou dólares somente
no mercado à vista, diretamente
dos bancos.
O mal-estar provocado pela elevação das taxas pagas pelos títulos
do Tesouro dos EUA -que levou
o dólar aos R$ 2,19 na semana
passada- não atrapalhou o fluxo
cambial brasileiro. Segundo o BC,
esse fluxo estava positivo em
US$ 3,39 bilhões neste mês, até o
dia 10. Nesse cenário, de sobra de
dólares, fica difícil de o real deixar
de se apreciar.
Com o cenário externo mais calmo e a expectativa positiva em relação à ata do Copom, que será divulgada hoje, os juros futuros não
encontraram resistência para recuar. A ata apresentará detalhes
sobre os motivos que levaram o
Copom a reduzir a taxa básica Selic de 17,25% para 16,5% na semana passada.
Os contratos DI (Depósito Interfinanceiro) mais negociados
encerraram projetando juros menores no pregão de ontem da
BM&F. No DI que vence na virada do ano, a taxa projetada recuou de 15,10% na sexta para
14,95% ontem. No contrato que
tem resgate no fim de 2007, a taxa
caiu de 14,62% para 14,41% no período.
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