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COMÉRCIO
Maior produtora mundial, a brasileira Vale do Rio Doce diz que demanda em alta pressiona o preço do minério
China diz que pode impedir alta do ferro
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo da China anunciou
ontem que vai intervir diretamente na negociação do preço do minério de ferro, para evitar reajustes "inaceitáveis" que possam afetar a rentabilidade das siderúrgicas do país. Maior produtora
mundial, a brasileira Vale do Rio
Doce disse que o reajuste é inevitável, em razão do aumento da
demanda chinesa pelo produto.
Fábio Barbosa, diretor financeiro da Vale, afirmou que as exportações para a China tiveram alta
de 31% nos últimos três meses,
bem acima da previsão de expansão de 18% para todo o ano. "Há
uma clara escassez de minério de
ferro", declarou Barbosa. "Os preços têm de refletir isso."
Esta é a primeira vez que o Estado chinês intervém de maneira
explícita na discussão entre os fabricantes locais de aço e os grandes exportadores de minério de
ferro -a Vale e as australianas
BHP e Rio Tinto, que, juntas, detêm 70% do mercado.
A atitude contraria as regras da
OMC (Organização Mundial do
Comércio), por implicar a interferência do governo em uma negociação que, teoricamente, deveria
ser realizada entre as empresas.
O ministro da Indústria da Austrália, Ian Macfarlane, disse que
ficou "alarmado" com a possibilidade de a China colocar teto aos
reajustes. "Obviamente, espera-se
que a China se comporte da mesma maneira que outros mercados
livres e que as negociações comerciais ocorram de maneira normal", declarou Macfarlane.
Os preços do minério de ferro
tiveram altas recordes nos últimos anos, em razão do aumento
da demanda da China, maior importador do produto e responsável por 30% da fabricação mundial do aço. Só no ano passado, o
reajuste foi de 71,5%.
Roger Downey, analista do Credit Suisse, estima que o aumento
deste ano ficará em torno de 15%.
Em sua opinião, a pressão sobre
os preços se manterá nos próximos anos, em razão da proximidade entre oferta e demanda.
O minério é a matéria-prima do
aço, insumo fundamental para a
indústria e o setor de construção.
Barbosa, da Vale, lembrou que o
processo de urbanização da China deverá levar mais 300 milhões
de pessoas para as cidades, o que
manterá a demanda em alta.
Barbosa acrescentou que a empresa não negocia com o governo
chinês, mas com seus clientes.
Com agências internacionais
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