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OPERAÇÃO NARCISO
Advogado diz que depoimento não vale
Chefe de importadora afirma que subfaturava notas para a Daslu
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A chefe de importação da trading Kinsberg, uma das quatro
importadoras que importavam
mercadorias para a Daslu, acusadas de integrar um suposto esquema de sonegação fiscal, afirmou à Justiça Federal que subfaturava notas de produtos importados para a empresa em que trabalha e para a loja de luxo.
A importadora Kinsberg pertence ao empresário André de
Moura Beukers, responsável por
criar o setor de importação na
Daslu. Também são acusadas
nesse processo criminal as importadoras Multimport, By Brasil e
Todos os Santos.
Esse é o segundo depoimento
de testemunhas de acusação envolvendo a Daslu em crimes de
fraudes nas importações. Anteontem, uma ex-gerente de importação da loja afirmou à juíza Maria
Isabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, que Eliana
Tranchesi, dona da loja, estava diretamente envolvida na prática de
subfaturamento para reduzir a
carga tributária da Daslu.
Tranchesi nega as acusações.
Em seu depoimento à Justiça, em
dezembro do ano passado, afirmou que, se caso tenham ocorrido irregularidades nas operações,
foram sem seu conhecimento.
Procurada pela Folha ontem,
nem a assessoria da loja nem os
advogados de Tranchesi se pronunciaram sobre o depoimento.
"As palavras da chefe de importação foram claras. Disse que recebia faturas verdadeiras dos exportadores [fornecedores internacionais da loja] e que substituía,
por ordem do dono da importadora, as notas verdadeiras por faturas subfaturadas. As cópias dessas notas eram encaminhadas para a direção da importadora e para a Daslu", diz o procurador Matheus Baraldi Magnani.
Para os advogados da Kinsberg,
o depoimento não é válido porque a funcionária repete à Justiça
afirmações que teria feito sob coação policial. "É um depoimento
inválido, tenho informação de
que houve coação. No dia da Operação Narciso, teriam dito a ela
que, se ela não contasse sobre o
subfaturamento, ficaria presa no
lugar de seus patrões", diz o advogado Antonio Ruiz Filho.
A operação ocorreu em julho e
contou com 250 policiais e 80 auditores da Receita Federal. Tranchesi foi detida por 12 horas. Antonio Carlos Piva de Albuquerque, irmão de Tranchesi e diretor
financeiro da loja, por cinco dias.
Outra funcionária da Daslu que
também depôs ontem informou
que Tranchesi era responsável pelos contatos com as grifes internacionais da loja e que seu irmão era
responsável pela administração.
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