São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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OPERAÇÃO NARCISO

Advogado diz que depoimento não vale

Chefe de importadora afirma que subfaturava notas para a Daslu

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A chefe de importação da trading Kinsberg, uma das quatro importadoras que importavam mercadorias para a Daslu, acusadas de integrar um suposto esquema de sonegação fiscal, afirmou à Justiça Federal que subfaturava notas de produtos importados para a empresa em que trabalha e para a loja de luxo.
A importadora Kinsberg pertence ao empresário André de Moura Beukers, responsável por criar o setor de importação na Daslu. Também são acusadas nesse processo criminal as importadoras Multimport, By Brasil e Todos os Santos.
Esse é o segundo depoimento de testemunhas de acusação envolvendo a Daslu em crimes de fraudes nas importações. Anteontem, uma ex-gerente de importação da loja afirmou à juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, que Eliana Tranchesi, dona da loja, estava diretamente envolvida na prática de subfaturamento para reduzir a carga tributária da Daslu.
Tranchesi nega as acusações. Em seu depoimento à Justiça, em dezembro do ano passado, afirmou que, se caso tenham ocorrido irregularidades nas operações, foram sem seu conhecimento. Procurada pela Folha ontem, nem a assessoria da loja nem os advogados de Tranchesi se pronunciaram sobre o depoimento.
"As palavras da chefe de importação foram claras. Disse que recebia faturas verdadeiras dos exportadores [fornecedores internacionais da loja] e que substituía, por ordem do dono da importadora, as notas verdadeiras por faturas subfaturadas. As cópias dessas notas eram encaminhadas para a direção da importadora e para a Daslu", diz o procurador Matheus Baraldi Magnani.
Para os advogados da Kinsberg, o depoimento não é válido porque a funcionária repete à Justiça afirmações que teria feito sob coação policial. "É um depoimento inválido, tenho informação de que houve coação. No dia da Operação Narciso, teriam dito a ela que, se ela não contasse sobre o subfaturamento, ficaria presa no lugar de seus patrões", diz o advogado Antonio Ruiz Filho.
A operação ocorreu em julho e contou com 250 policiais e 80 auditores da Receita Federal. Tranchesi foi detida por 12 horas. Antonio Carlos Piva de Albuquerque, irmão de Tranchesi e diretor financeiro da loja, por cinco dias.
Outra funcionária da Daslu que também depôs ontem informou que Tranchesi era responsável pelos contatos com as grifes internacionais da loja e que seu irmão era responsável pela administração.


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