São Paulo, quinta-feira, 16 de março de 2006

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TV DIGITAL

União Européia envia carta ao governo prometendo investimentos, e empresários buscam ajuda para indústria de semicondutores

Europeus querem incentivo para fábrica

Itsuo Inouye - 21.fev.06/Associated Press
Novos modelos de aparelhos de TV da Toshiba, já preparados para receber sinal digital, são exibidos em Tóquio durante lançamento


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na disputa com os japoneses pela adoção do padrão de TV digital, os europeus querem incentivo do governo brasileiro para instalar uma fábrica de semicondutores no país. A instalação da fábrica é a contrapartida que está sendo cobrada pelo governo em troca da escolha. Representantes dos dois padrões já mostraram interesse em estudar a viabilidade da fábrica. Os europeus usam o padrão DVB de TV digital e os japoneses, o padrão ISDB.
Ontem houve reunião de representantes da ST Microeletronics, fabricante franco-italiano de semicondutores, com os ministros que tratam do assunto pelo governo brasileiro.
"Nós viemos discutir o que o governo poderia oferecer para nós como incentivo", disse Ricardo Tortorella, representante da empresa no Brasil, ao sair da reunião. "Não estamos considerando ainda nenhuma montagem de fábrica. Existe um estudo, e o estudo vai dizer se a fábrica é viável ou não", disse.
Segundo a Folha publicou na semana passada, o governo já optou pelo padrão japonês, preferido pelas emissoras de TV. A preferência das redes de TV é considerada importante pelo governo em um ano eleitoral. Os japoneses, assim como os europeus, também acenam com a construção de uma fábrica de semicondutores (componentes usados na produção de microprocessadores).
Questionado se acreditava que ainda havia tempo para que os europeus pudessem convencer o governo brasileiro antes do anúncio da escolha do padrão, Tortorella respondeu: "Sim mas nós temos que ser rápidos".
Ele afirmou que nova reunião técnica com o governo, sem a presença dos ministros, acontece hoje. Tortorella não descartou a hipótese de a fábrica da ST Microeletronics ser instalada mesmo em caso de escolha do padrão japonês. "A gente continua discutindo, mas os níveis de investimento poderão ser diferentes", disse Tortorella.

União Européia
A União Européia informou ontem à ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, que está sendo preparada uma ampla oferta de investimentos privados e financiamentos a ser oferecida ao Brasil como contrapartida para a escolha do padrão europeu de televisão digital.
A informação foi dada pelo embaixador da União Européia no Brasil, João Pacheco, por meio de carta. O texto faz referência a uma reunião com a ministra ocorrida na segunda-feira, quando embaixadores de vários países da Europa manifestaram a intenção de investir no Brasil, na eventualidade de o país escolher o padrão europeu para a TV digital brasileira.
Os europeus vêm fazendo uma ofensiva, nos últimos dias, para tentar reverter a decisão do governo pela escolha do sistema japonês. Como os japoneses se declararam dispostos a analisar a implantação de uma fábrica de semicondutores no país, os europeus apresentaram oferta semelhante.
Os radiodifusores e o ministro das Comunicações, Hélio Costa, defendem o sistema japonês. A ofensiva dos europeus pretende levar o governo a reexaminar a decisão pelo padrão japonês.
Segundo o embaixador João Pacheco, a oferta será apresentada na próxima semana e incluirá investimentos privados e financiamentos do Banco Europeu de Investimentos e dos países-membros da União Européia.
A fábrica de semicondutores, que o governo gostaria de ver implantada no Brasil continua sendo tratada apenas como possibilidade. A carta diz que a União Européia gostaria de contribuir para o objetivo-chave do governo de fomentar a criação de uma indústria de condutores.

Colaborou Elvira Lobato, da Sucursal do Rio.

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