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Argentina cresce quase o triplo do Brasil
Economia avança 8,5% em 2006, e governo Kirchner prevê mais 7% para este ano; crescimento brasileiro foi de 2,9%
Para o governo, resultado é resposta aos críticos que dizem que as empresas não investem devido ao elevado grau de intervenção estatal
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
A economia da Argentina
cresceu 8,5% em 2006, segundo dados da evolução do PIB
(Produto Interno Bruto) divulgados ontem pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e
Censos), órgão que corresponde ao IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O
Brasil cresceu 2,9% em 2006.
O número é exatamente o estimado pela ministra da Economia, Felisa Miceli, em dezembro do ano passado, mas veio
acompanhado de outra cifra
que foi comemorada pelo presidente Néstor Kirchner.
A relação investimento/PIB
alcançou o nível mais alto da
série, iniciada em 1993 -foi de
21,7%, se considerado o cálculo
do PIB a preços constantes. O
investimento bruto fixo interno cresceu 18,7% no ano passado na comparação com 2005.
Em pleno ano eleitoral, esse
desempenho é, para o governo,
uma resposta aos críticos que
dizem que, com o alto grau de
intervenção estatal, as empresas estão deixando de investir.
Joydeep Mukherji, diretor de
qualificações soberanas da
Standard & Poor's para a América Latina, porém, explica que
o que mudou, com o clima de
incerteza econômica, foi a maneira de investir. "O setor privado investe sobretudo em projetos de curto prazo [três a quatro anos] ou em setores como o
imobiliário. Eles não investem
muito em energia nem em setores que dependem muito do
governo. Mas, embora haja falta de confiança, que afeta setores chaves da economia, o cenário geral é muito bom."
Segundo ele, se for alterado o
contexto internacional favorável, a Argentina poderá ter sérios problemas com a falta de
investimentos de longo prazo.
Segundo os economistas, para continuar com ritmo de
crescimento de 5%, o ideal é a
Argentina manter a relação entre investimento e PIB em 25%.
Para 2007, os economistas
projetam expansão de cerca de
7% para o país vizinho, o segundo com maior intercâmbio comercial com o Brasil (perde para os EUA). Em dezembro, Miceli também adiantou que, neste ano, o PIB argentino já tinha
garantido incremento de 4%.
"A expectativa é que neste
ano o crescimento se produza a
taxas mais normais, embora
elevadas na comparação histórica", afirma o economista Mariano Lamothe, da consultoria
abeceb.com, que trabalha com
a projeção de 7,3%. "O consumo continuará impulsionando
fortemente o crescimento, e
não há nada que indique que
ele vá decair, sobretudo por se
tratar de ano eleitoral."
O próprio presidente Kirchner já assumiu que a expansão
argentina está baseada no consumo. Em 2006, o consumo
privado subiu 9,9%, enquanto o
público cresceu 21,8%.
Brasil
Na semana passada, em visita
à Argentina, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, comentou a diferença entre o ritmo de
crescimento da Argentina e o
do Brasil. "É claro que gostaríamos de ter crescimento de 8%,
9%, mas as trajetórias são diferentes. O Brasil não tem condições de crescer a 8%. Uma taxa
de crescimento de 5% sustentável por vários anos é mais satisfatória que uma taxa maior
que não possa ser sustentada."
A Argentina cresce há quatro
anos consecutivos à taxa média
de 8,9% ao ano. O PIB soma hoje 330,53 bilhões de pesos.
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