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BOLA DE CRISTAL
Previsão de queda da taxa, que está hoje em 18,5%, está no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
Governo prevê juro de 12,84% para 2003
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A taxa média de juros nominais
deverá ficar em 12,84% em 2003,
segundo previsão constante no
projeto de LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) para o próximo
ano. Neste ano, segundo estimativa do governo, a taxa média dos
juros deverá ser de 16%.
"Essas taxas pressupõem um
declínio forte ainda em 2002 com
base nas sinalizações do Copom
(Comitê de Política Monetária)",
explicou o chefe da consultoria
econômica do Ministério do Planejamento, Joaquim Levy.
O Copom se reúne hoje e amanhã para definir a taxa básica de
juros, mais conhecida como Selic.
Nas duas últimas reuniões, houve
queda dos juros, que hoje estão
em 18,5% ao ano. Para que a taxa
média fique em 16%, os juros precisariam cair mais. As duas reduções ocorreram antes do aumento
no preço do petróleo.
Segundo Levy, a projeção da taxa de juros faz parte de um cenário econômico construído para o
ano que vem. Esse cenário também inclui um crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto) de
4% e uma taxa de câmbio de R$
2,42 ao final do ano. "Nós ainda
levamos em conta um quadro internacional sem novos choques."
Apesar dos bons números projetados para os próximos anos, o
governo relacionou uma série de
"riscos" para o alcance dos valores esperados para as receitas e
para a evolução da dívida pública.
O ministro do Planejamento,
Guilherme Dias, disse que o governo manteve a meta de superávit primário (receitas menos despesas, exceto juros) de 3,5% para
o setor público (União, Estados,
municípios e estatais) em 2003 e
até 2005 como uma "âncora" para
a transição de governo.
Outras âncoras deverão ser a
DRU (Desvinculação de Receitas
Tributárias da União), legislação
que desvincula 20% das receitas
orçamentárias e vai até o final de
2003, e a prorrogação da CPMF
(imposto do cheque).
Mantendo o superávit deste ano
para os próximos anos, o governo
acredita que a dívida pública poderá cair de 54% do PIB para menos de 50% em 2005. "É necessário que volte a esse nível [50%"
para que o país não sofra com novos choques externos", disse o secretário-executivo do Planejamento, Simão Cirineo.
Entre as projeções da LDO, enviada ontem para o Congresso,
também está a manutenção do
déficit anual da Previdência Social
em 1,2% do PIB para os próximos
anos. Mas a previsão considera
que, anualmente, o salário mínimo terá apenas o reajuste pela inflação até 2005.
Nos últimos anos, o mínimo teve aumentos acima da inflação.
Pela LDO, para cada R$ 1 de aumento do mínimo, o pagamento
de benefícios previdenciários sobe R$ 206 milhões anuais.
Em relação ao reajuste do funcionalismo público, a LDO apenas afirma que será necessária
uma lei específica contendo algum percentual de reajuste linear
para os servidores.
Neste ano, os servidores tiveram reajuste linear de 3,5% após
seis anos sem revisões salariais gerais. Cada ponto percentual de
reajuste linear significa um aumento da despesa anual de R$ 730
milhões.
Levy informou que a dívida pública vai aumentar cerca de R$
9,21 bilhões em 2003 por causa do
reconhecimento de esqueletos
(Débitos passados que vêm sendo
reconhecidos). O principal é o
FCVS (Fundo de Compensação
das Variações Salariais), que cobre o saldo devedor de financiamentos imobiliários.
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