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Para governo, setor de bens de capital deve investir na importação para ampliar produção
Dólar "barato" atrai investidor, diz Camex
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A alta do dólar se somou às incertezas com relação ao futuro da
economia brasileira para reduzir
os investimentos produtivos no
Brasil. Desde meados do ano passado, as importações de máquinas e equipamentos, termômetro
dos níveis de investimentos, despencaram. O fato preocupa o governo e economistas.
"Essa queda na importação de
bens de capital preocupa. Menor
investimento significa menos emprego e menos produção. Por
consequência, menor exportação,
sobretudo, de produtos manufaturados, que dependem de máquinas importadas para serem
produzidos", disse o diretor da
AEB (Associação de Comércio
Exterior do Brasil), José Augusto
de Castro.
Com a atual queda do dólar, o
governo espera que as empresas
voltem a comprar bens de capital
no exterior, que ficarão mais baratos em real. "No ano passado,
houve um represamento de importações de bens de capital devido ao dólar alto [que encarece importações"", diz o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Mario Mugnaini. Para ele, a atual evolução da
cotação da moeda americana permitiria uma retomada das importações de bens de capital.
Os economistas são mais cautelosos. "O preço [valor do dólar] é
importante, mas não é só isso",
afirma o coordenador de política
econômica da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Flávio Castelo Branco.
Para Castelo Branco, os empresários só voltaram a investir caso
exista uma expectativa de crescimento estável. "A variável chave
para a retomada das importações
de máquinas, embora o dólar tenha influência, é a retomada de
investimentos, que só acontecerá
com a melhora da situação macroeconômica", diz Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação de
Comércio Exterior).
No ano passado, parte do superávit comercial recorde de US$
13,13 bilhões, comemorado pelo
governo, foi conquistado devido à
falta de investimentos. O país
conseguiu ajustar as contas externas deixando de importar bens
essenciais para manter a indústria
brasileira competitiva e moderna.
"Até mesmo a manutenção dos
equipamentos está colocada de
forma secundária", diz Castro, referindo-se à queda das importações de peças para máquinas.
No primeiro trimestre deste
ano, o país repete 2002. Embora
as importações totais tenham registrado um pequeno crescimento, a compras de bens de capital
caíram 13,6% com relação ao
mesmo período de 2002.
Mugnaini, da Camex, argumenta que parte da queda foi compensada por compras de equipamentos produzidas no país. A substituição, no entanto, é marginal, na
opinião de Castelo Branco.
O investimento total no Brasil
caiu em 2002. Dados do IBGE
mostram que os empresários investiram 4,1% a menos no ano
passado que em 2001. "E 2001 não
foi um ano bom devido à crise
energética", diz Castelo Branco.
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