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São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2003

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Para governo, setor de bens de capital deve investir na importação para ampliar produção

Dólar "barato" atrai investidor, diz Camex

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A alta do dólar se somou às incertezas com relação ao futuro da economia brasileira para reduzir os investimentos produtivos no Brasil. Desde meados do ano passado, as importações de máquinas e equipamentos, termômetro dos níveis de investimentos, despencaram. O fato preocupa o governo e economistas.
"Essa queda na importação de bens de capital preocupa. Menor investimento significa menos emprego e menos produção. Por consequência, menor exportação, sobretudo, de produtos manufaturados, que dependem de máquinas importadas para serem produzidos", disse o diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro.
Com a atual queda do dólar, o governo espera que as empresas voltem a comprar bens de capital no exterior, que ficarão mais baratos em real. "No ano passado, houve um represamento de importações de bens de capital devido ao dólar alto [que encarece importações"", diz o secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Mario Mugnaini. Para ele, a atual evolução da cotação da moeda americana permitiria uma retomada das importações de bens de capital.
Os economistas são mais cautelosos. "O preço [valor do dólar] é importante, mas não é só isso", afirma o coordenador de política econômica da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Flávio Castelo Branco.
Para Castelo Branco, os empresários só voltaram a investir caso exista uma expectativa de crescimento estável. "A variável chave para a retomada das importações de máquinas, embora o dólar tenha influência, é a retomada de investimentos, que só acontecerá com a melhora da situação macroeconômica", diz Fernando Ribeiro, da Funcex (Fundação de Comércio Exterior).
No ano passado, parte do superávit comercial recorde de US$ 13,13 bilhões, comemorado pelo governo, foi conquistado devido à falta de investimentos. O país conseguiu ajustar as contas externas deixando de importar bens essenciais para manter a indústria brasileira competitiva e moderna.
"Até mesmo a manutenção dos equipamentos está colocada de forma secundária", diz Castro, referindo-se à queda das importações de peças para máquinas.
No primeiro trimestre deste ano, o país repete 2002. Embora as importações totais tenham registrado um pequeno crescimento, a compras de bens de capital caíram 13,6% com relação ao mesmo período de 2002.
Mugnaini, da Camex, argumenta que parte da queda foi compensada por compras de equipamentos produzidas no país. A substituição, no entanto, é marginal, na opinião de Castelo Branco.
O investimento total no Brasil caiu em 2002. Dados do IBGE mostram que os empresários investiram 4,1% a menos no ano passado que em 2001. "E 2001 não foi um ano bom devido à crise energética", diz Castelo Branco.


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