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OTIMISMO
Mantega diz que, para cenário da Lei de Diretrizes Orçamentárias se confirmar, inflação tem de estar sob controle
LDO prevê juro médio de 14,88% em 2004
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo está esperando uma
queda significativa das taxas de
juros em 2004, de acordo com o
projeto da LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) enviado ontem
ao Congresso Nacional.
Hoje, a taxa de juros básica da
economia está em 26,5% ao ano.
No projeto, a previsão é uma taxa
média de 14,88% ao ano para
2004. "Esses valores são indicativos. Mas acreditamos que já no
segundo semestre deste ano estarão dadas as condições para uma
taxa de juros menor", afirmou o
ministro Guido Mantega (Planejamento).
Em termos reais (descontada a
inflação), a LDO prevê juros médios de 8,38% no próximo ano.
Mantega ressalvou, porém, que é
preciso ter a inflação sob controle
para que o cenário previsto se
confirme.
A explicação básica do governo
para o ponto principal da LDO, a
manutenção do esforço fiscal em
4,25% do PIB (Produto Interno
Bruto) nos próximos três anos, é a
"consolidação da confiança".
Mantega citou a recente queda
do prêmio de risco cobrado nos
títulos da dívida externa brasileira
e da cotação do dólar como "frutos" dessa política. Mas procurou
se diferenciar do governo Fernando Henrique Cardoso.
"O governo anterior se atrapalhava, exagerava na política monetária rígida [taxas de juros altas". Queremos romper esse círculo vicioso, fazendo um ajuste
mais rápido nas contas para que
as taxas [de juros] caiam", disse.
O ministro anunciou que o governo poderá propor a prorrogação do mecanismo que desvincula receitas orçamentárias e dá ao
governo mais liberdade para gastar 20% do que arrecada. O dispositivo legal termina neste ano, mas
sem ele o governo não tem como
fazer despesas simples como pagar pessoal. Isso porque vários
impostos e contribuições têm
destinação específica.
Mantega informou que, por
causa do reconhecimento de débitos antigos, o tamanho da dívida pública em relação ao PIB pode permanecer em torno de 55%
em 2004, chegando a pouco mais
de 51% em 2006.
Na semana passada, ele havia
dito que o governo esperava uma
redução da dívida para um percentual entre 48% e 49% ao final
de 2006. Ontem ele esclareceu que
esse é o percentual sem reconhecimento de dívidas.
Em nota sobre a LDO, o governo atual acusa o governo anterior
de ter deixado de herança uma dívida elevada e uma série de "passivos contingentes", batizados de
"esqueletos" pela equipe econômica anterior.
Esses passivos somam R$ 77,8
bilhões, mas foram formados
muito antes do governo FHC, ainda na década de 80. É o caso dos
débitos relacionados ao Sistema
Financeiro da Habitação, a maior
parte do passivo atual.
Ao explicar, no Senado, o mecanismo previsto na LDO que vai
vincular a meta fiscal ao crescimento econômico, o senador
Aloizio Mercadante (PT-SP) disse
que a regra só poderá funcionar a
partir de 2005 por um motivo
simples: "Não temos liberdade
para fazer isso agora. Não temos
crédito nem confiança".
O novo mecanismo vai fazer
com que o governo gaste mais
quando a economia estiver mal e
que aumente o superávit quando
houver um crescimento maior.
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