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Regras não devem mudar já, diz Gabrielli
Presidente da Petrobras defende revisão do marco regulatório do setor, mas não para os casos atuais, em que já houve licitações
Executivo também afirma que "ainda não há dados suficientes" para conclusões sobre o potencial do novo campo na bacia de Santos
MARIA CRISTINA FRIAS
ENVIADA ESPECIAL A CANCÚN
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, afirmou
ontem em Cancún, no México,
que ainda não existem condições de afirmar nada sobre o
potencial da descoberta na bacia de Santos. "Estamos perfurando o poço a 3.000 metros. O
objetivo é chegar a cerca de
7.000 metros. Só então saberemos algo sobre a descoberta",
disse Gabrielli. Ele acrescentou
que em três meses pode se confirmar ou não a descoberta. O
poço pode ser seco ou antieconômico ou ainda ser necessário
fazer outras perfurações.
"Fizemos um "statement" de
que estamos em fase preliminar. Não temos dados para confirmar as descobertas", disse
Gabrielli, que está no México
para participar do Fórum Econômico Mundial, na América
Latina. O presidente da Petrobras é um dos participantes especiais do evento, que começou
ontem na cidade de Cancún.
A uma repórter mexicana
que se enganou ao questionar o
presidente da empresa sobre o
"anúncio da Petrobras", Gabrielli respondeu: "Não anunciamos nada. Houve essa informação no mercado. A informação que foi dada não é de nossa
responsabilidade", disse. "Não
temos dados para confirmar as
descobertas." O anúncio foi feito pelo diretor-geral da ANP
(Agência Nacional do Petróleo), Haroldo Lima.
À Folha, Gabrielli também
defendeu uma mudança no
marco regulatório do setor,
mas não para já. "Sim, precisa
mudar [o marco regulatório],
mas para o futuro, não para estes casos. Já houve licitação para todos eles", afirmou.
Ele comentou também a proposta feita pelo presidente do
México, Felipe Calderón, na
semana passada, de flexibilizar
as regras de modo a permitir
maior liberdade para parcerias
com empresas estrangeiras.
O petróleo do México pode
acabar, a menos que invista
mais em exploração, que, totalmente estatal, é vetada ao investimento privado doméstico
e externo. Do contrário, o país
pode vir a ter de importar petróleo dentro de uma década.
A Pemex, empresa mexicana,
precisa do tipo de tecnologia
em que a Petrobras é líder
mundial. A brasileira está presente no México apenas como
prestadora de serviços, o que é
permitido pela Constituição.
A seguir, trechos de entrevista concedida à Folha.
FOLHA - Como estão os trabalhos
[no novo campo]?
JOSÉ SÉRGIO GABRIELLI - Estamos
perfurando em cerca de 3.000
metros. O objetivo é chegar a
cerca de 6.000 ou 7.000 metros
-os geólogos vão dizer o que
será necessário exatamente.
FOLHA - É possível que se descubra
que o poço é seco ou inviável economicamente?
GABRIELLI - Tudo pode ser, não
temos dados suficientes ainda...
FOLHA - Até mesmo pode ocorrer
essa constatação de que o poço seja
seco, inviável comercialmente?
GABRIELLI - Tudo pode. Veja
bem o que estou dizendo: poder
pode tudo, porque não temos as
informações ainda.
FOLHA - Foi precipitado esse anúncio do diretor-geral da ANP? O que
tem de verdadeiro no que declarou?
GABRIELLI - Não sabemos, se não
temos informações suficientes... Não posso comentar nada.
FOLHA - A possibilidade de a região
ter um grande potencial traz de volta a necessidade de discutir um novo marco regulatório? Ao menos na
camada do pré-sal?
GABRIELLI - Sim, precisa mudar
[o marco regulatório], mas para
o futuro, não para estes casos.
Já houve licitação para todos
eles, não só para a BM-S-9. A situação é bem diferente de
quando o risco exploratório era
muito alto. Hoje no pré-sal não
precisa ter mais aquelas regras.
Não precisa mais oferecer um
retorno do investimento tão alto. Já se sabe que é bilhete premiado. Mas é o Congresso, a sociedade que tem de decidir isso.
Não é nem a Petrobras nem o
governo federal. O problema é
se o pré-sal é contínuo ou não.
FOLHA - O presidente Felipe Calderón fez uma proposta na semana
passada para flexibilizar as regras de
modo a permitir maior liberdade para parcerias com empresas estrangeiras. O México precisa do tipo de
tecnologia em que a Petrobras é líder mundial. Já há alguma discussão
em torno disso? Há interesse?
GABRIELLI - Não posso comentar
porque é uma decisão interna
do México. Se houver mudança
nas leis, vamos estudar, considerando todas as possibilidades de investimentos que temos, inclusive no Brasil.
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