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Consumidor dispõe de só 3,6% da renda para compras, diz pesquisa
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Apesar do aumento na intenção de compra para este trimestre, com relação ao mesmo
período de 2007 e aos três primeiros meses deste ano, os
consumidores estão mais endividados e sobra pouco dinheiro
para novas aquisições.
Pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP, em parceria com a
Felisoni & Associados, mostra
que apenas 3,6% da renda dos
consumidores da cidade de São
Paulo estará disponível para
compras neste trimestre. O restante está comprometido em
gastos com alimentação, habitação, vestuário, transporte,
saúde e cuidados pessoais, educação e pagamento de dívidas,
como as do cartão de crédito.
"Essa disponibilidade de renda está caindo, e isso preocupa", afirma Claudio Felisoni,
coordenador-geral do Provar.
No último trimestre de 2007,
sobravam 10,5% da renda. No
primeiro deste ano, 6,8%.
Felisoni prevê que o consumo vai começar a se desacelerar já a partir do próximo semestre e lembra que, se houver
crescimento da inadimplência,
haverá aumento da taxa de juros. Além disso, a alta da inflação está corroendo o ganho real
do trabalhador, o que também
ajuda a frear a ida às compras.
De acordo com a Associação
Comercial de São Paulo, as consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito)
apresentaram crescimento de
6,3% no trimestre, na comparação com igual período de 2007.
Já o número de registros no
cadastro de inadimplentes teve
alta de 14,4%, enquanto houve
expansão de 16% nos cancelamentos, por pagamento ou renegociação da dívida. O dado é
positivo porque, segundo o economista da associação, Marcel
Solimeo, historicamente o
crescimento dos cancelamentos é inferior ao de registros.
O aumento dos juros ao consumidor, que já começou com a
expectativa de alta da taxa básica Selic, hoje, tem um efeito indireto sobre a renegociação de
débitos, pois, afirma Solimeo, o
financiador tende a facilitar o
pagamento num cenário de
queda, com o alargamento dos
prazos para quitar a dívida.
Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de
Finanças, Administração e
Contabilidade), os juros cobrados dos consumidores mantiveram a tendência de alta em
março e chegaram à taxa mais
elevada desde junho de 2007.
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