São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidor dispõe de só 3,6% da renda para compras, diz pesquisa

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Apesar do aumento na intenção de compra para este trimestre, com relação ao mesmo período de 2007 e aos três primeiros meses deste ano, os consumidores estão mais endividados e sobra pouco dinheiro para novas aquisições.
Pesquisa do Provar (Programa de Administração do Varejo), da USP, em parceria com a Felisoni & Associados, mostra que apenas 3,6% da renda dos consumidores da cidade de São Paulo estará disponível para compras neste trimestre. O restante está comprometido em gastos com alimentação, habitação, vestuário, transporte, saúde e cuidados pessoais, educação e pagamento de dívidas, como as do cartão de crédito.
"Essa disponibilidade de renda está caindo, e isso preocupa", afirma Claudio Felisoni, coordenador-geral do Provar. No último trimestre de 2007, sobravam 10,5% da renda. No primeiro deste ano, 6,8%.
Felisoni prevê que o consumo vai começar a se desacelerar já a partir do próximo semestre e lembra que, se houver crescimento da inadimplência, haverá aumento da taxa de juros. Além disso, a alta da inflação está corroendo o ganho real do trabalhador, o que também ajuda a frear a ida às compras.
De acordo com a Associação Comercial de São Paulo, as consultas ao SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito) apresentaram crescimento de 6,3% no trimestre, na comparação com igual período de 2007.
Já o número de registros no cadastro de inadimplentes teve alta de 14,4%, enquanto houve expansão de 16% nos cancelamentos, por pagamento ou renegociação da dívida. O dado é positivo porque, segundo o economista da associação, Marcel Solimeo, historicamente o crescimento dos cancelamentos é inferior ao de registros.
O aumento dos juros ao consumidor, que já começou com a expectativa de alta da taxa básica Selic, hoje, tem um efeito indireto sobre a renegociação de débitos, pois, afirma Solimeo, o financiador tende a facilitar o pagamento num cenário de queda, com o alargamento dos prazos para quitar a dívida.
Segundo a Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), os juros cobrados dos consumidores mantiveram a tendência de alta em março e chegaram à taxa mais elevada desde junho de 2007.


Texto Anterior: Indústria de SP contrata mais no 1º trimestre
Próximo Texto: Alta de alimentos afeta mais a baixa renda
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.