São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Alta de alimentos afeta mais a baixa renda

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

Um novo índice divulgado ontem pela FGV (Fundação Getulio Vargas) mostra que a população mais pobre é mais afetada pela alta dos alimentos. De acordo com o novo indicador, as famílias com renda de 1 a 2,5 salários mínimos acumularam taxa de inflação de 5,99% de abril do ano passado a março deste ano. A inflação para a média da população no período foi de 4,52%. Segundo a FGV, a taxa de inflação da baixa renda foi 32,5% maior. O resultado dos últimos 12 meses representa a maior variação desde o início da série, em 2004.
Os alimentos subiram 10,83% nos últimos 12 meses. Representaram a principal pressão sobre o índice.
Na média da população, o peso da alimentação é de 27,49%. Os mais pobres comprometem 39,62% do orçamento com essas compras.
"Os alimentos mais essenciais para a população de baixa renda são derivados do trigo, da soja, de itens de pecuária e eles foram todos afetados pelo movimento que grandes commodities apresentaram no mundo. Outros produtos que têm transmissão direta no IPC, como farinha de trigo, ficaram mais caros e acabaram afetando a população de baixa renda", afirmou André Braz, coordenador dos Índices de Preços ao Consumidor, da FGV.
Somente no primeiro trimestre, a alta dos preços para os mais pobres foi de 2,20%, a maior taxa desde o início da série, em 2004.
A alimentação respondeu por 76% da taxa. A diferença contra o patamar de inflação medido pelo IPC-BR (Índice de Preços ao Consumidor - Brasil) foi de 53,80%.
"A trajetória dos alimentos de 2004 a 2006 foi decrescente em relação à sua influência na formação da inflação. Essa tendência se inverteu desde 2007. Agora os alimentos estão pesando mais e de forma crescente. O aumento não ficou concentrado em um grupo pequeno de produtos, mas atingiu itens derivados de commodities, que variaram muito de preço. Isso afetou mais a população mais pobre", disse.


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