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Inflação ameaça os emergentes, dizem analistas do HSBC
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o banco HSBC, mesmo
com uma recessão nos EUA, a
inflação nos emergentes continuará assombrando, pois esses
países seguirão crescendo e
apresentando grande demanda
por commodities. Leia a seguir
trechos da entrevista concedida por Stephen King, economista-chefe do HSBC, David
Bloom, diretor global de estratégia de câmbio, e Alexandre
Bassoli, economista-chefe da
filial brasileira do banco.
FOLHA - Analistas dizem que uma
recessão nos EUA fará os preços das
commodities se desacelerarem. Está
correto?
DAVID BLOOM - Não. O mundo
não é mais tão simples como
antes, nada é óbvio. Os EUA já
estão em recessão e os preços
do petróleo continuam subindo. Existe outro motivo por
trás dessa alta: o elevado crescimento dos emergentes, que se
manterá.
FOLHA - E a situação do Brasil preocupa?
STEPHEN KING - Os emergentes
têm razões para temer a inflação, sim. A demanda no Brasil
está muito forte. Como a principal preocupação do BC deve
ser controlar a inflação, é preciso encontrar um jeito de fazer a
demanda desacelerar.
FOLHA - Então, o BC estará agindo
certo, se realmente aumentar a taxa
básica de juros?
ALEXANDRE BASSOLI - Dentro do
regime de metas de inflação, o
correto neste momento é elevar a Selic, até para administrar
as expectativas.
FOLHA - Alguns especialistas não
vêem tanto perigo de uma alta da
inflação e acusam os bancos de terem uma opinião a respeito do assunto comprometida pelos seus interesses, já que ganham mais quando os juros estão elevados. Como
responder a essa crítica?
BLOOM - Nós somos um departamento de pesquisa independente. Lembro, ainda, que a inflação tem um custo social bastante grande. Deixar a inflação
subir seria um desastre.
BASSOLI - A inflação é pior para
as camadas mais pobres da população. No ano passado, com
juros decrescentes, alguém diria que os bancos lucraram menos [no Brasil]? Não.
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