São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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Inflação ameaça os emergentes, dizem analistas do HSBC

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o banco HSBC, mesmo com uma recessão nos EUA, a inflação nos emergentes continuará assombrando, pois esses países seguirão crescendo e apresentando grande demanda por commodities. Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Stephen King, economista-chefe do HSBC, David Bloom, diretor global de estratégia de câmbio, e Alexandre Bassoli, economista-chefe da filial brasileira do banco.

 

FOLHA - Analistas dizem que uma recessão nos EUA fará os preços das commodities se desacelerarem. Está correto?
DAVID BLOOM
- Não. O mundo não é mais tão simples como antes, nada é óbvio. Os EUA já estão em recessão e os preços do petróleo continuam subindo. Existe outro motivo por trás dessa alta: o elevado crescimento dos emergentes, que se manterá.

FOLHA - E a situação do Brasil preocupa?
STEPHEN KING
- Os emergentes têm razões para temer a inflação, sim. A demanda no Brasil está muito forte. Como a principal preocupação do BC deve ser controlar a inflação, é preciso encontrar um jeito de fazer a demanda desacelerar.

FOLHA - Então, o BC estará agindo certo, se realmente aumentar a taxa básica de juros?
ALEXANDRE BASSOLI
- Dentro do regime de metas de inflação, o correto neste momento é elevar a Selic, até para administrar as expectativas.

FOLHA - Alguns especialistas não vêem tanto perigo de uma alta da inflação e acusam os bancos de terem uma opinião a respeito do assunto comprometida pelos seus interesses, já que ganham mais quando os juros estão elevados. Como responder a essa crítica?
BLOOM
- Nós somos um departamento de pesquisa independente. Lembro, ainda, que a inflação tem um custo social bastante grande. Deixar a inflação subir seria um desastre.
BASSOLI - A inflação é pior para as camadas mais pobres da população. No ano passado, com juros decrescentes, alguém diria que os bancos lucraram menos [no Brasil]? Não.


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