São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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Aço brasileiro sofre nova restrição nos EUA

DE WASHINGTON

O Departamento de Comércio dos EUA elevou ainda mais o nível de restrições às importações de aço do Brasil. Ao tomar uma decisão preliminar em relação a um processo aberto em 2001, aplicou uma sobretaxa adicional sobre os laminados a frio de 43,34%. A decisão definitiva sairá em setembro. Até lá, as empresas serão obrigadas a depositar uma fiança bancária no valor da tarifa devida.
O argumento utilizado pelo governo dos EUA foi o de que as exportações brasileiras chegavam ao mercado norte-americano por um preço abaixo do custo de produção (ou seja, ocorreia dumping). As novas restrições somam-se a outras e formam uma barreira que, sob o ponto de vista do governo brasileiro, inviabilizam qualquer exportação para o mercado norte-americano.
Dois meses atrás, o mesmo departamento de Comércio tomara outra decisão preliminar com relação aos laminados a frio, sobretaxando as exportações da Usiminas e da Cosipa em 12,58% e as da CSN em 8,22%. O argumento era que essas empresas, embora privatizadas, são beneficiadas por subsídios concedidos no passado pelo governo brasileiro.
Em março, o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou imposição de cota e de tarifas de 8% a 30% por três anos sobre vários produtos de aço exportados pelo Brasil e pelo resto do mundo. O argumento usado era o de proteger indústrias norte-americanas fragilizadas pela concorrência internacional.
Naquela ocasião, o presidente impôs uma cota para a importação de placas de aço brasileiras. Antes, essas exportações estavam livres de qualquer tarifa ou cota e eram tradicionalmente responsáveis por mais de dois terços das exportações siderúrgicas brasileiras para os EUA. Bush impôs ainda as seguintes tarifas para outros produtos: aço plano, 30%; folha de flandres, 30%; laminado a quente e a frio, 30%; barra inox, 15%; cabo inox, 15%; fio inox, 8% vergalhão, 15%.
Analistas brasileiros estimam em 85% a combinação das restrições tarifárias contra o total dos produtos siderúrgicos brasileiros. Em 1999, as exportações de laminados a frio para os EUA chegaram a quase US$ 90 milhões. Estima-se que fiquem abaixo de US$ 15 milhões em 2002.
Desde janeiro, Cosipa, Usiminas e CSN, as siderúrgicas brasileiras que exportam esse tipo de aço, não efetuaram nenhuma venda para o mercado americano. As três suspenderam as operações no final do ano passado justamente por conta do processo antidumping.
No ano passado, a CSN vendeu 12 mil toneladas de laminados a frio para os EUA -não mais que 1,5% das 800 mil toneladas de produtos de aço exportados.
O volume da Cosipa foi bem superior: das 334 mil toneladas de produtos exportados aos EUA, 112 mil (33,8% do total) se referiram a laminados a frio. No caso da Usiminas, as exportações somaram 107 mil toneladas.


Colaborou a Reportagem Local

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