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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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MAU HUMOR

No Brasil, moeda dos EUA avança 2,7% e C-Bonds perdem 3,23%; queda nos indicadores é generalizada na AL

Dólar e risco-país sobem nos emergentes

FABRICIO VIEIRA
GEORGIA CARAPETKOV

DA REPORTAGEM LOCAL

O risco-país disparou pelo segundo dia seguido. Desta vez, o mau humor também contagiou o dólar, que registrou sua segunda maior alta no ano. E a piora não se restringiu ao Brasil: risco-país e dólar subiram em vários países emergentes ontem.
Em apenas dois dias, o risco-país acumulou a expressiva alta de 12,3% e subiu para 794 pontos. Somente ontem o índice avançou 6,7%. Desde a abertura dos negócios, o dólar foi vendido em alta, para fechar com valorização de 2,7%, cotado a R$ 2,97. Na quarta-feira, o dólar havia fechado estável, apesar da alta de 5,23% do risco-país. Os C-Bonds, títulos mais negociados da dívida brasileira, foram alvo de venda no mercado e caíram 3,23%, vendidos a US$ 0,8625 no fim do dia.
O índice de risco-país que agrega os países latino-americanos fechou com alta de 3,92%. No México, a alta do risco-país ficou em 3,2%. Na Argentina, a procura por dólares foi forte durante todo o dia, o que fez a moeda norte-americana subir 2,1%.
Na opinião do vice-presidente do Citigroup, William Rhodes, o recente otimismo do mercado em relação aos emergentes pode não refletir uma melhoria de fundamentos nas economias dos países. Ou seja, a euforia pode ter sido exagerada.
"Não foi só com o Brasil, os mercados emergentes sofreram como um todo hoje [ontem]", diz Alexandre Vasarhelyi, chefe da mesa de câmbio do banco ING. Os principais movimentos no mercado cambial ontem vieram das tesourarias de bancos. Tudo era motivo para justificar a compra de dólares: a piora no cenário internacional, a notícia de que o senador Tião Viana poderia abandonar a liderança do PT no Senado e o temor de que o BC pudesse a qualquer momento fazer uma intervenção no mercado.
No cenário externo, o anúncio de que Alemanha, Itália e Holanda apresentaram queda no PIB no primeiro trimestre do ano não agradou. A baixa de 1,9% no índice de preços no atacado em abril nos EUA, a maior da história, também foi mal recebida. O desaquecimento das economias no Primeiro Mundo pode significar menores fluxos de recursos para os emergentes, avaliam analistas.

Normalidade
Para Henrique Meirelles, presidente do BC, a queda dos C-Bonds não preocupa, é uma flutuação normal do mercado financeiro. Nesta semana, os C-Bonds já recuaram 5,22%.
Desde que o dólar caiu abaixo dos R$ 3,00, no final do mês passado, cresceu a expectativa no mercado de que o BC poderia intervir para segurar a cotação. É que o dólar em patamares menores poderia influenciar negativamente a balança comercial.
"Não aconteceu nada que possa mudar a tendência. Foi um movimento normal de correção, devido ao otimismo exagerado. É cedo para falar que houve uma mudança de patamar", disse Mário Paiva, da corretora Liquidez.
Na BM&F, o número de contratos de câmbio negociados ontem subiu 11%. No contrato com prazo em julho, o dólar encerrou cotado a R$ 3,047.


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