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MAU HUMOR
No Brasil, moeda dos EUA avança 2,7% e C-Bonds perdem 3,23%; queda nos indicadores é generalizada na AL
Dólar e risco-país sobem nos emergentes
FABRICIO VIEIRA
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
O risco-país disparou pelo segundo dia seguido. Desta vez, o
mau humor também contagiou o
dólar, que registrou sua segunda
maior alta no ano. E a piora não se
restringiu ao Brasil: risco-país e
dólar subiram em vários países
emergentes ontem.
Em apenas dois dias, o risco-país acumulou a expressiva alta
de 12,3% e subiu para 794 pontos.
Somente ontem o índice avançou
6,7%. Desde a abertura dos negócios, o dólar foi vendido em alta,
para fechar com valorização de
2,7%, cotado a R$ 2,97. Na quarta-feira, o dólar havia fechado estável, apesar da alta de 5,23% do risco-país. Os C-Bonds, títulos mais
negociados da dívida brasileira,
foram alvo de venda no mercado
e caíram 3,23%, vendidos a US$
0,8625 no fim do dia.
O índice de risco-país que agrega os países latino-americanos fechou com alta de 3,92%. No México, a alta do risco-país ficou em
3,2%. Na Argentina, a procura
por dólares foi forte durante todo
o dia, o que fez a moeda norte-americana subir 2,1%.
Na opinião do vice-presidente
do Citigroup, William Rhodes, o
recente otimismo do mercado em
relação aos emergentes pode não
refletir uma melhoria de fundamentos nas economias dos países.
Ou seja, a euforia pode ter sido
exagerada.
"Não foi só com o Brasil, os
mercados emergentes sofreram
como um todo hoje [ontem]", diz
Alexandre Vasarhelyi, chefe da
mesa de câmbio do banco ING.
Os principais movimentos no
mercado cambial ontem vieram
das tesourarias de bancos. Tudo
era motivo para justificar a compra de dólares: a piora no cenário
internacional, a notícia de que o
senador Tião Viana poderia
abandonar a liderança do PT no
Senado e o temor de que o BC pudesse a qualquer momento fazer
uma intervenção no mercado.
No cenário externo, o anúncio
de que Alemanha, Itália e Holanda apresentaram queda no PIB no
primeiro trimestre do ano não
agradou. A baixa de 1,9% no índice de preços no atacado em abril
nos EUA, a maior da história,
também foi mal recebida. O desaquecimento das economias no
Primeiro Mundo pode significar
menores fluxos de recursos para
os emergentes, avaliam analistas.
Normalidade
Para Henrique Meirelles, presidente do BC, a queda dos C-Bonds não preocupa, é uma flutuação normal do mercado financeiro. Nesta semana, os C-Bonds
já recuaram 5,22%.
Desde que o dólar caiu abaixo
dos R$ 3,00, no final do mês passado, cresceu a expectativa no
mercado de que o BC poderia intervir para segurar a cotação. É
que o dólar em patamares menores poderia influenciar negativamente a balança comercial.
"Não aconteceu nada que possa
mudar a tendência. Foi um movimento normal de correção, devido ao otimismo exagerado. É cedo para falar que houve uma mudança de patamar", disse Mário
Paiva, da corretora Liquidez.
Na BM&F, o número de contratos de câmbio negociados ontem
subiu 11%. No contrato com prazo em julho, o dólar encerrou cotado a R$ 3,047.
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