São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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DEPOIS DO CALMANTE

Dólar sobrecarrega quem paga dívida externa no 2º semestre

Dívidas de junho sobem R$ 400 mi

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas brasileiras devem mais. Em duas semanas, as dívidas no exterior que vencem em junho cresceram R$ 400 milhões. No início do mês, as companhias deviam R$ 5,4 bilhões (US$ 2,1 bilhões). Na sexta-feira, após a disparada do câmbio, a dívida já estava em R$ 5,8 bilhões. O "pacote calmante" do governo, anunciado na quinta-feira, não impediu que a moeda estrangeira subisse novamente na sexta. Resultado: os débitos das empresas subiram.
Quem tem dívidas a serem pagas neste mês precisa torcer pela queda na cotação. Quem vai tirar os recursos do próprio caixa pode acabar tendo de despender um montante maior de reais do que o esperado. Isso acontecerá se a empresa não tiver dólar ou proteção cambial ("hedge") para quitar o empréstimo. A boa notícia é que parte das grandes empresas anteciparam as captações em moeda estrangeira, fechando empréstimos no começo do ano.

Sem saída
Analistas traçam, entretanto, um cenário nebuloso daqui para frente. "O mercado de eurobônus está fechado para as empresas nas próximas quatro ou seis semanas", diz Ernesto Meyer, diretor do banco BNP Paribas. "E quem quiser emitir debêntures para conseguir recursos pode desistir. Não há demanda", afirma Zeina Latif, da consultoria Tendências.
Há companhias em situação delicada, segundo analistas de mercado. A Eletropaulo, por exemplo, tem dívidas totais superiores a R$ 3 bilhões, sendo que R$ 940 milhões vencem em agosto. Para arcar com as despesas, o mercado acredita que a empresa precisará captar entre R$ 400 milhões e R$ 600 milhões nos próximos meses, segundo a Folha apurou.
Além da Eletropaulo, Votorantim, CSN e a construtora Brascan precisam estruturar captações no mercado para quitar suas pendências. A Votorantim não fala no assunto, assim como a CSN.



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