São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Temor é credor querer se livrar de papéis logo

DA REPORTAGEM LOCAL

O receio dos analistas é que, apesar de controlável, a dívida mobiliária comece a ser refugada pelos credores -investidores, bancos e agentes do mercado- caso as oposições não dêem sinais inequívocos de que honrarão os pagamentos.
No limite, dizem esses analistas, estaremos rolando a dívida diariamente, no overnight, a partir de agosto ou setembro.
Se as tensões atuais não forem desarmadas, "o mercado poderá requerer um prêmio de risco [juro" elevado na rolagem da dívida no início de 2003", diz Octávio de Barros, economista-chefe do BBV Banco.
A hipótese de a nova equipe econômica não aceitar pagar os juros pedidos pelo mercado, segundo ele, lembra a troca de dívida feita pela Argentina.
"Se isso ocorrer, o risco Brasil irá para perto de 2.000 pontos, as agências de risco rebaixarão o "rating" do país, o crédito externo secará, haverá fuga de investimentos diretos, pressão cambial, pressão inflacionária, juros altos, crescimento medíocre", diz Barros.
Para Gabriel Amado de Moura, diretor do Banco1.net, "a pior situação seria uma "renegociação involuntária" da dívida, como na Argentina".
Na sua opinião, se o mercado não aceitar as condições de rolagem da dívida do novo governo, a saída seria ele resgatar os títulos, trocando parte da dívida por moeda, o que geraria inflação. "O calote, puro e simples, está descartado; o governo perderia credibilidade e não conseguiria mais se financiar."
Há analistas que sonham até com o impensável para acalmar o mercado. Para Vladimir Caramaschi do Vale, analista da corretora Fator Dora Atherino, é preciso um pacto político entre o governo e o PT em torno de medidas fiscais fortes.



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