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São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2003

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RECEITA ORTODOXA

Ministro diz que não adotaria nenhuma medida agora que fosse na contramão do controle das taxas

Ainda falta derrotar a inflação, diz Palocci

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, afirmou ontem que o trabalho do governo no combate à inflação tem sido vitorioso, mas ainda não foi concluído. Palocci disse que todos os indicadores de inflação estão em baixa, mas há ainda o risco de empresários repassarem aos preços as altas da inflação passada.
"Precisamos olhar para o futuro. Eu não adotaria nenhuma medida econômica agora que fosse na contramão do controle da inflação. Senão haverá consequências negativas para a economia mais tarde", afirmou o ministro.
Palocci disse que caberá ao Copom (Conselho de Política Monetária), do qual participam apenas diretores do Banco Central e que se reúne amanhã e na quarta-feira, decidir se a taxa de juros de 26,5% da Selic, que serve de referência para todo o mercado financeiro, permanecerá naquele patamar. Palocci disse que o combate à inflação (onde a taxa de juros elevada tem importância fundamental) continua sendo a prioridade do governo.
"A inflação corrói o poder de compra das pessoas mais pobres. O governo quer que os custos da adequação da economia para a retomada do crescimento sejam pagos pelos vários segmentos da sociedade." Segundo Palocci, o governo não pode perder o rumo do combate à inflação.
O ministro citou alguns dados que demonstrariam que o governo está no caminho certo para a volta do crescimento. "Entre novembro e fevereiro passados, a inflação anualizada chegou a cerca de 40%. Nos próximos 12 meses, a inflação deve ficar um pouco acima de 8%."
Ele disse também que a dívida do país equivale hoje a cerca de 52% do PIB (Produto Interno Bruto), quando há poucos anos correspondia a 62%. Segundo o ministro, o governo conseguiu reduzir o déficit em transações correntes para US$ 4 bilhões ao ano, quando há cinco anos ele estava em US$ 33 bilhões.
Palocci refutou as análises de economistas de que o Brasil está em recessão. "Claro que não estamos. As exportações estão em alta, e o setor de agricultura cresceu 8,5% neste ano."
Ele afirmou, no entanto, que setores da economia que não exportam sofrem atualmente sérios problemas, mas o governo pretende iniciar em pouco tempo uma política econômica que beneficie tanto os exportadores quanto as empresas que vendem apenas para o mercado interno.
Palocci participou de um evento promovido pela Febraban (federação dos bancos), quando pediu a coesão do governo e dos segmentos da sociedade para a continuidade dos trabalhos de arranjo da economia. Evitou comentar a greve que está sendo preparada pelos servidores públicos. "Nem sei se haverá essa greve", afirmou.


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