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BC já planeja cortar alíquota do compulsório
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central deve anunciar
nos próximos dias redução das
alíquotas do compulsório (dinheiro retido obrigatoriamente
no BC) como medida para estimular a recuperação da economia, segundo apurou a Folha.
Não significa que um corte nos
juros esteja descartado na reunião
do Copom (Comitê de Política
Monetária) que será realizada a
partir de amanhã. Mas pode ser
uma opção para afrouxar a política monetária se o BC considerar
que ainda é prematuro uma redução na taxa básica (Selic), hoje em
26,5% ao ano.
O compulsório é um dos mais
importantes instrumentos de política monetária usados pelo BC,
pois afeta a disponibilidade de recursos dos bancos para a concessão de crédito. Quanto maior o
volume de dinheiro retido no BC,
menos os bancos emprestam. Assim, os juros cobrados sobem, o
que inibe o consumo e freia o desempenho da economia.
Devido ao aumento da inflação,
o BC elevou bastante nos últimos
dois anos as alíquotas do compulsório. Nunca ficou tanto dinheiro
parado no BC. Segundo dados da
própria instituição, estão retidos
hoje por conta do compulsório
cerca de R$ 124 bilhões, o que corresponde a mais da metade do estoque de crédito do país concedido pelos bancos com recursos livres -R$ 214,6 bilhões em abril.
Do total recolhido, cerca de R$
32 bilhões (correspondente ao
compulsório sobre depósitos à
vista) ficam sem remuneração nenhuma. Como no mercado financeiro dinheiro parado é considerado prejuízo (somente a inflação
corrói boa parte do poder de
compra da moeda), os bancos
compensam as "perdas" com o
compulsório cobrando juros mais
altos no crédito concedido com
recursos livres aos clientes.
O recolhimento compulsório é
apontado pelos bancos como um
dos principais fatores para a formação do alto "spread" (diferença entre o custo de captação de recursos dos bancos e as taxas de juros cobradas dos clientes) embutido nas operações de crédito.
Alíquota variável
Além do corte nas alíquotas, o
BC estuda também alternativas de
recolhimento. Uma delas é a adoção de alíquotas variáveis de compulsório, que seriam reduzidas se
os bancos optassem por conceder
crédito em linhas preestabelecidas pelo governo, a juros baixos se
comparadas com as de mercado.
Por esse mecanismo, seriam facultadas aos bancos alternativas
ao recolhimento compulsório integral. No caso do depósito à vista
(em conta corrente), o compulsório é de 60% -de cada R$ 1.000,
os bancos recolhem R$ 600 ao BC.
No lugar de deixar esse dinheiro
parado, os bancos poderiam usar
parte dos recursos em operações
de microcrédito, por exemplo.
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