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Especialista vê "presente" em venda
RUI PIZARRO
free-lance para a Folha
Os ágios verificados ontem nos
leilões das áreas de exploração e
produção de petróleo comprovam
que os preços mínimos "foram ridiculamente avaliados", disse o vice-presidente da Aepet (Associação dos Engenheiros da Petrobras), Sydney Reis.
De acordo com ele, essas áreas
estão sendo repassadas ao setor
privado "para ser submetidas a
uma exploração predatória", e,
com isso, as reservas de petróleo
do país podem esgotar-se em apenas dez anos.
Reis disse que os US$ 60 bilhões
que deverão ser aplicados no setor
em dez anos, segundo a ANP
(Agência Nacional do Petróleo),
representam menos do que os US$
80 bilhões investidos, somente pela Petrobras, nos últimos 40 anos.
Para o diretor da Coppe (Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) e professor do departamento
de oceânica Segen Estefen, o valor
apurado nos leilões não é relevante. "A estratégia da ANP foi correta
ao estimular, por meio de preços
não impeditivos, a participação
das empresas", avalia.
Papai Noel
Já o físico Luís Pinguelli Rosa,
também da Coppe, considera que a
avaliação dos preços das áreas foi
equivocada, o que explica os ágios
elevados. "As empresas vencedoras receberam um verdadeiro presente de Papai Noel."
Pinguelli lamentou a inexistência
no país, segundo ele, de uma visão
estratégica do setor petróleo.
"Não há necessidade de buscar,
neste momento, a auto-suficiência, porque os preços do petróleo,
no mercado internacional, estão
baratos", disse.
Para Reis, as empresas que venceram os leilões das áreas onde a
Petrobras já correu riscos, investindo em prospecção, não serão
obrigadas a novas explorações.
As empresas estão pagando muito pelas áreas licitadas, "mas estão
no jogo dos negócios latinos", disse Michael Snape, gerente de marketing da consultoria britânica Robertson, especializada na área de
petróleo, sobre os ágios dos leilões.
Snape lembra que, nas licitações
para exploração de petróleo na Venezuela, em 96, os bônus (preços
mínimos) foram muito mais altos
-"Totalmente loucos".
Pesquisa
A Robertson conduz, todo ano,
uma pesquisa com as cem maiores
companhias de petróleo do mundo. A última pesquisa constatou
que o Brasil era o número um das
prioridades dos investidores. Segundo Snape, quatro anos antes o
país figurava depois do 40º lugar.
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