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O DÓLAR BALANÇA
Senadores votam projeto que altera práticas corporativas que levaram ao que Bush chama de "excessos dos 90"
Bush vê "ressaca'; Senado aprova mudança
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, George
W. Bush, afirmou ontem que a
economia norte-americana está
sofrendo uma ressaca dos "excessos" dos anos 90, mas seus fundamentos continuam sólidos, a despeito da queda nas Bolsas. Mas as
palavras de Bush não foram suficientes para aplacar a queda nas
Bolsas de Valores.
Ainda ontem, os senadores norte-americanos aprovaram, por
unanimidade, um projeto que altera profundamente algumas das
práticas empresariais que provocaram os "excessos" a que Bush se
referiu. Se sancionada, a nova legislação representará a maior reforma corporativa feita desde a
Grande Depressão (1929).
"Para que tenhamos a segurança que todos queremos, os EUA
precisam se ver livres da ressaca
que agora enfrentam por causa
dos excessos econômicos pelos
quais acabamos de passar", afirmou, em discurso na Universidade do Alabama. Sem citar seu antecessor, o democrata Bill Clinton, Bush, republicano, sugeriu
que não é responsável pela atual
crise, apenas a herdou.
"Vivíamos em uma terra em
que os lucros não tinham fim.
Não havia um amanhã para o
mercado acionário e para as corporações. Agora estamos sofrendo por causa daqueles excessos",
disse Bush. "Mas nossa economia
é fundamentalmente sólida."
Na semana passada Bush já havia feito um discurso, em plena
Wall Street, defendendo reformas
corporativas e cobrando integridade dos executivos. Mas nos dias
seguintes revelou-se que Bush havia se aproveitando de alguns benefícios que agora condena.
Antes de entrar para a vida pública, na década de 80, Bush era
um dos diretores de uma empresa
de petróleo do Texas. Na época, a
companhia lhe concedeu um empréstimo de US$ 250 mil a juros
abaixo dos de mercados.
Na emenda aprovada ontem
pelo Senado, por 97 votos a 0, esse
tipo de empréstimo será banido.
O projeto também endurece as
penas contra crimes contábeis,
prevendo até dez anos de prisão
para executivos fraudadores.
O texto ainda passará por uma
fase de conciliação com o projeto
(menos radical) aprovado pela
Câmara em abril. Só depois segue
para a sanção de Bush.
As reformas já vinham sido discutidas desde o colapso da Enron,
em dezembro passado. Mas a
aprovação do projeto só ganhou
força nas últimas semanas, com o
agravamento da crise. Além disso,
neste ano haverá eleições legislativas, e os congressistas de oposição
querem tirar proveito da situação.
O presidente, que mantém laços
estreitos com as megacorporações do país (a companhia que
mais doou para a campanha republicana foi a energética Enron),
considera as medidas duras demais, mas sinalizou que assinará
o projeto. Seria um grande desgaste político se não o fizesse.
Bush quer que o texto final fique
pronto ainda neste mês, para que
ele possa assiná-lo antes do recesso de verão.
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