São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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O DÓLAR BALANÇA

Senadores votam projeto que altera práticas corporativas que levaram ao que Bush chama de "excessos dos 90"

Bush vê "ressaca'; Senado aprova mudança

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou ontem que a economia norte-americana está sofrendo uma ressaca dos "excessos" dos anos 90, mas seus fundamentos continuam sólidos, a despeito da queda nas Bolsas. Mas as palavras de Bush não foram suficientes para aplacar a queda nas Bolsas de Valores.
Ainda ontem, os senadores norte-americanos aprovaram, por unanimidade, um projeto que altera profundamente algumas das práticas empresariais que provocaram os "excessos" a que Bush se referiu. Se sancionada, a nova legislação representará a maior reforma corporativa feita desde a Grande Depressão (1929).
"Para que tenhamos a segurança que todos queremos, os EUA precisam se ver livres da ressaca que agora enfrentam por causa dos excessos econômicos pelos quais acabamos de passar", afirmou, em discurso na Universidade do Alabama. Sem citar seu antecessor, o democrata Bill Clinton, Bush, republicano, sugeriu que não é responsável pela atual crise, apenas a herdou.
"Vivíamos em uma terra em que os lucros não tinham fim. Não havia um amanhã para o mercado acionário e para as corporações. Agora estamos sofrendo por causa daqueles excessos", disse Bush. "Mas nossa economia é fundamentalmente sólida."
Na semana passada Bush já havia feito um discurso, em plena Wall Street, defendendo reformas corporativas e cobrando integridade dos executivos. Mas nos dias seguintes revelou-se que Bush havia se aproveitando de alguns benefícios que agora condena.
Antes de entrar para a vida pública, na década de 80, Bush era um dos diretores de uma empresa de petróleo do Texas. Na época, a companhia lhe concedeu um empréstimo de US$ 250 mil a juros abaixo dos de mercados.
Na emenda aprovada ontem pelo Senado, por 97 votos a 0, esse tipo de empréstimo será banido. O projeto também endurece as penas contra crimes contábeis, prevendo até dez anos de prisão para executivos fraudadores.
O texto ainda passará por uma fase de conciliação com o projeto (menos radical) aprovado pela Câmara em abril. Só depois segue para a sanção de Bush.
As reformas já vinham sido discutidas desde o colapso da Enron, em dezembro passado. Mas a aprovação do projeto só ganhou força nas últimas semanas, com o agravamento da crise. Além disso, neste ano haverá eleições legislativas, e os congressistas de oposição querem tirar proveito da situação. O presidente, que mantém laços estreitos com as megacorporações do país (a companhia que mais doou para a campanha republicana foi a energética Enron), considera as medidas duras demais, mas sinalizou que assinará o projeto. Seria um grande desgaste político se não o fizesse.
Bush quer que o texto final fique pronto ainda neste mês, para que ele possa assiná-lo antes do recesso de verão.



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