São Paulo, terça-feira, 16 de julho de 2002

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DIA DE ESTRESSE

Em segunda-feira nervosa, moeda dos EUA fechou a R$ 2,858, alta de 1,71%; Bolsa de São Paulo cai 3,04%

No Brasil, dólar e risco sobem e Bolsa cai

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

A forte instabilidade no cenário internacional definiu o mau desempenho dos indicadores financeiros brasileiros ontem. Após uma semana relativamente tranquila, a segunda-feira foi nervosa para o mercado doméstico.
O dólar subiu 1,71%, para R$ 2,858. A Bovespa caiu 3,04% e o risco-país brasileiro, medido pelo JP Morgan, subiu 2,1%, para 1.546 pontos -durante o dia, a alta beirou os 4%. Todos os indicadores recuperaram parte de suas perdas, acompanhando a recuperação das Bolsas norte-americanas.
Além do mau humor internacional -o mercado interno iniciou suas negociações repercutindo as fortes baixas na Europa e na Ásia-, a especulação com o cenário político foi grande.
Teria vazado ao mercado resultado de pesquisa de intenção de voto para as eleições presidenciais realizada pelo Ibope. Oficialmente, os números saem hoje.
Segundo operadores, a sondagem apontaria o isolamento de dois candidatos da oposição na liderança. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS), na preferência dos eleitores. Ciro teria superado José Serra (PSDB) em até oito pontos percentuais -estaria com 25% contra 17% do candidato do governo.
O fato contribuiu para elevar a especulação com o dólar, que chegou a se valorizar em 2,24%. O Banco Central ontem não vendeu moeda diretamente ao mercado. Realizou mais um leilão de linha externa de US$ 50 milhões -por meio dessa ação, a autoridade monetária empresta dólares ao mercado com um compromisso de recompra no futuro.
Segundo Helio Osaki, analista da Finambras, quando o BC anunciou o leilão, descartando, assim, a venda da moeda, o dólar intensificou sua alta.
"Esse leilão de linha não afeta as cotações", afirma Marcelo Schmitt, do banco Lloyds TSB. "Apenas a venda direta da moeda tem esse poder." Boa parte dos analistas avalia que, se o cenário externo não estivesse tão deteriorado, apenas a especulação em torno de pesquisa não teria provocado alta tão forte do dólar.
Também foram verificadas ontem saídas em torno de US$ 110 milhões, referentes a vencimentos de dívidas do setor privado que não foram roladas.
A Bovespa fechou em queda de 3,04%, a 10.633 pontos. O volume negociado foi baixo, de R$ 387,359 milhões. No pior momento do dia, o Ibovespa caiu 4,5%. No mercado futuro, as projeções para os juros fecharam com pequena alta. Os contratos para janeiro de 2003, os mais negociados na BM&F, passaram de 22,44% para 22,80%.



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