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INDÚSTRIA
Deputado Armando Monteiro Neto, presidente da entidade, diz que é vantagem estar no Legislativo
Firjan está fora da nova diretoria da CNI
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
A Federação das Indústrias do
Estado do Rio de Janeiro (Firjan)
não vai participar da diretoria recém-eleita da CNI (Confederação
Nacional da Indústria).
A decisão é um protesto à nomeação de mais um político para
a presidência da entidade -o usineiro e deputado federal Armando Monteiro Neto (PMDB-PE),
eleito ontem em Brasília por unanimidade. Participaram da votação os 27 representantes das 27 federações estaduais das indústrias,
incluindo o presidente da Firjan,
Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira.
Segundo ele, o voto foi uma forma de mostrar que a Firjan não
tem a intenção de agredir a CNI.
Os empresários do Rio acreditam
que a mistura partidária prejudica a representatividade da CNI e,
por isso, a Firjan não aceitou fazer
parte da diretoria.
O deputado Armando Monteiro afirmou que o cargo político
não será problema durante sua
gestão. Ele se definiu como um
empresário que está, circunstancialmente, exercendo um mandato e disse que o fato de o presidente da CNI fazer parte do Legislativo e participar do debate político
é uma vantagem para a entidade.
Quanto à questão partidária,
Monteiro enfatizou que a CNI
não tem partido nem candidato à
Presidência da República. "Vamos interagir com qualquer candidato que vier a ser eleito." A seguir, os principais trechos da entrevista:
Folha - Quais são seus planos para a CNI?
Armando Monteiro Neto - O nosso programa de gestão busca a
modernização administrativa para melhorar o desempenho gerencial do sistema CNI. O nosso
objetivo é o de profissionalizar o
sistema. A diretoria se encarregará de definir as diretrizes e a estratégia da CNI. A CNI terá de exercer um papel político muito ativo
nos próximos anos. Isso significa
ter uma articulação muito estreita
com o Poder Legislativo e com o
Poder Executivo. Hoje, se percebe
uma certa fragmentação no ambiente empresarial, eu diria até
uma dispersão. É preciso que tenhamos uma agenda comum em
questões essenciais. Felizmente,
agora o Brasil começa a entender
que política industrial não é uma
coisa ultrapassada. A CNI deve ter
uma posição de protagonista nesse processo, sem querer exercer o
monopólio. Nós precisamos
completar o ciclo de reformas, como a tributária e a previdenciária.
A reforma política também é vista
hoje como prioridade, e não mais
como uma coisa adjetiva. A agenda é extensa. A CNI é percebida
como uma entidade de caráter
nacional e devemos utilizar isso.
Folha - Pela primeira vez, nesta
eleição da CNI, quase ocorreu uma
disputa de duas ou três chapas. As
federações do Sudeste defendiam
a alternância do poder. Seu sucessor pode ser do Sudeste?
Monteiro - Claro que pode ser
um nome do Sudeste. Qualquer
companheiro de qualquer região
pode presidir a CNI. O que é necessário é que esse companheiro
tenha capacidade de reunir a
maioria dos votos do sistema.
Folha - Mas o Norte e o Nordeste
têm a maioria dos votos?
Monteiro - Sim, o Norte e o Nordeste somam 15 dos 27 votos, mas
a questão é muito mais de o candidato reunir o apoio das regiões
com uma proposta para o país.
Folha - A CNI irá apoiar algum
candidato à Presidência?
Monteiro - A CNI não vai apoiar
nenhuma candidatura. Seria absolutamente equivocado. É claro
que os companheiros do sistema
têm suas preferências, mas a CNI
tem que manter uma posição de
neutralidade. Meu voto, por
exemplo, é do Serra, mas essa é a
uma posição pessoal.
Folha - Como o sr. vê o crescimento da candidatura de Ciro Gomes?
Monteiro - O que a gente percebe
é que não há nada muito cristalizado. A única coisa garantida é o
Lula no segundo turno. Agora,
quem irá para o segundo turno
com ele, só no final de agosto ou
no começo de setembro teremos
uma visão mais clara do processo.
Folha - O sr. vê chances de Ciro
Gomes ir para o segundo turno?
Monteiro - O Ciro tem uma faixa
do eleitorado que quer uma mudança de rumo, mas não se alinha
ao PT. Já o Serra é um candidato
forte até em razão dos apoios que
ele costurou. O Serra está no páreo também.
Folha - Qual a sua visão sobre os
anos FHC? Que nota dá ao governo?
Monteiro - Deve ser dado um
crédito importante a ele por ter
conseguido uma estabilidade relativa da economia, apesar de ela
ter significado custos maiores do
que o previsível. Houve um equívoco no manejo da política cambial. O governo atrasou demais a
mudança daquela política cambial para a atual, que é a correta.
Mas realizou reformas importantes. Hoje temos um regime fiscal
mais disciplinado. Fica, no entanto, a frustração de não ter feito a
reforma tributária. Se tivesse que
dar uma nota, eu daria 6,5.
Folha - Como está a situação das
empresas da sua família? As dificuldades já acabaram?
Monteiro - Nossas empresas tiveram dificuldades e nunca escondemos isso. O Banco Mercantil de Pernambuco, onde nunca tive função executiva e que está sob
intervenção, recebeu assistência
do Proer e tem patrimônio líquido positivo. A massa falida está
sendo liquidada e o banco vai pagar os credores. Já as outras empresas do grupo estão no Refis e
vão superar as dificuldades. O importante é exercer a presidência
da CNI e buscar a aglutinação empresarial em torno da entidade.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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