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PACOTE DE AJUDA
Em caso de novo acordo, governo tentará regras mais flexíveis para os investimentos do setor público
Brasil quer condições para renovar com o FMI
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Chega ao Brasil, no próximo dia
28, a quarta missão do FMI (Fundo Monetário Internacional) para
a revisão do acordo de US$ 30 bilhões fechado no final de 2002. Se
as contas do país forem aprovadas, o Brasil terá direito a sacar
mais US$ 4 bilhões do Fundo.
De acordo com o que a Folha
apurou, o governo brasileiro não
irá discutir com essa missão a
possibilidade de dar continuidade
ao acordo que acaba em dezembro. O FMI já manifestou ao governo brasileiro a disposição de
renovar o pacote de ajuda para o
ano que vem.
O governo brasileiro quer que,
caso renove o acordo, o FMI estabeleça regras mais flexíveis para
que o país possa aumentar os investimentos do setor público. Pelo conceito do FMI, investimento
público é contabilizado como déficit, o que restringe bastante a
atuação do governo.
A idéia defendida pelas autoridades do governo é que o FMI libere o setor público para realizar
novos investimentos. Para isso, o
governo irá mostrar ao Fundo
que está seguindo uma rígida disciplina fiscal com metas ambiciosas de 4,25% do PIB ao ano de superávit primário para os próximos quatro anos.
Só neste ano, o país tem apresentado números superiores aos
da meta traçada com o FMI. A
meta do governo, para 2003, é de
4,25% do PIB. Nos primeiros cinco meses, o esforço fiscal foi acima da meta: 5,73% do PIB.
Negociações
As negociações para a renovação do acordo com o Fundo só
deverão ser iniciadas em setembro, com a vinda ao Brasil do diretor-gerente da entidade, Horst
Köhler.
No final do mês passado, em encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Washington,
Köhler afirmou que o Brasil só
não renova o acordo com o FMI
se não quiser.
O governo brasileiro discute um
novo e ambicioso programa de
investimentos públicos em infra-estrutura (energia, transporte e
logística e telecomunicações). Diferentemente do que ocorreu nos
últimos anos, o Estado seria o
grande indutor dessa nova safra
de investimentos.
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, irá apresentar amanhã, em
Brasília, ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva um estudo detalhado com propostas de investimentos em mais de cem obras para os
próximos quatro anos.
A reunião de amanhã contará
também com a presença do vice
José Alencar e de vários ministros,
como Antonio Palocci Filho (Fazenda), Guido Mantega (Planejamento), Luiz Fernando Furlan
(Desenvolvimento), Dilma Rousseff (Minas e Energia) e Ciro Gomes (Integração Nacional).
O plano do BNDES prevê investimentos de R$ 400 bilhões nos
próximos quatro anos, o correspondente a 7,5% do PIB (Produto
Interno Bruto) por ano. Se o governo aprovar o estudo do
BNDES, será o maior plano de investimentos públicos no país desde a década de 70, na época do
chamado "milagre econômico".
Nesse período de 1970 a 1977, o
setor público investiu cerca de
11% do PIB em infra-estrutura (a
Hidrelétrica de Itaipu é um dos
marcos desse período).
É por isso, para viabilizar essa
nova safra de investimentos, que
o governo terá de negociar regras
mais flexíveis com o FMI, caso venha a ser renovado o acordo que
se encerra em dezembro.
A missão do FMI que desembarca no dia 28, chefiada pelo economista argentino Jorge Márquez-Ruarte, será a penúltima no
cronograma previsto no memorando técnico de entendimento
com o Fundo.
A última revisão deverá ocorrer
no final de outubro, quando o
FMI irá avaliar se o Brasil terá direito a sacar os US$ 7 bilhões restantes do acordo.
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