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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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NOVA RECEITA

Queda na renda faz população procurar medicamento mais barato

Vendas de genéricos aumentam 26%

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A perda de renda da população acelerou a migração do consumidor de medicamentos de marca para os genéricos, cujos preços são em média 40% mais baratos. A venda de genéricos cresceu 26%, em número de unidades, no primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado.
O setor caminhou na contramão do conjunto da indústria farmacêutica, que comercializou 3,9% menos unidades no período em relação ao primeiro semestre de 2002.
A queda nas vendas físicas afetou o faturamento da indústria farmacêutica, que teve retração de 14,8% e recuou para US$ 2,18 bilhões. Já o faturamento dos fabricantes de genéricos -US$ 129,2 milhões- cresceu 10,9% no primeiro semestre.
Vera Valente, diretora-executiva da Pró Genérico, associação que representa os fabricantes do setor, diz que o crescimento de vendas é recorde e reflete a situação atual do consumidor.
"Com menos renda, as pessoas têm nesses produtos uma opção de tratamento", diz ela. "No caso de medicamentos para doenças crônicas a diferença de preço pode chegar a até 70% em relação aos de marca", acrescenta.

Baixa renda
Valente admite que os genéricos ainda não resolvem o problema do acesso a tratamentos para a população de baixa renda. "Para isso, seria necessário que o governo instituísse um programa para subsidiar a compra de remédios por essa população, a exemplo do que se faz no Canadá e nos EUA", diz Valente.
Naqueles países, segundo ela, usando a estrutura de produção de genéricos e a rede de farmácias, os governos atendem à população carente por meio de reembolso dos gastos dos portadores de doenças crônicas.
No Brasil, um modelo semelhante poderia ser adotado pelo Ministério da Saúde, gerando demanda para a indústria de medicamentos, que hoje opera com 40% de ociosidade.
"É viável uma parceria entre indústrias e governo para permitir que mais gente tenha acesso aos medicamentos. Essa é uma questão de saúde pública", diz ela.
Segundo Valente, a Pró-Genéricos já encaminhou tal proposta ao Ministério da Saúde, mas até o momento não há nenhuma movimentação no governo para viabilizá-la.


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