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NOVA RECEITA
Queda na renda faz população procurar medicamento mais barato
Vendas de genéricos aumentam 26%
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A perda de renda da população
acelerou a migração do consumidor de medicamentos de marca
para os genéricos, cujos preços
são em média 40% mais baratos.
A venda de genéricos cresceu
26%, em número de unidades, no
primeiro semestre deste ano em
relação a igual período do ano
passado.
O setor caminhou na contramão do conjunto da indústria farmacêutica, que comercializou
3,9% menos unidades no período
em relação ao primeiro semestre
de 2002.
A queda nas vendas físicas afetou o faturamento da indústria
farmacêutica, que teve retração de
14,8% e recuou para US$ 2,18 bilhões. Já o faturamento dos fabricantes de genéricos -US$ 129,2
milhões- cresceu 10,9% no primeiro semestre.
Vera Valente, diretora-executiva da Pró Genérico, associação
que representa os fabricantes do
setor, diz que o crescimento de
vendas é recorde e reflete a situação atual do consumidor.
"Com menos renda, as pessoas
têm nesses produtos uma opção
de tratamento", diz ela. "No caso
de medicamentos para doenças
crônicas a diferença de preço pode chegar a até 70% em relação
aos de marca", acrescenta.
Baixa renda
Valente admite que os genéricos
ainda não resolvem o problema
do acesso a tratamentos para a
população de baixa renda. "Para
isso, seria necessário que o governo instituísse um programa para
subsidiar a compra de remédios
por essa população, a exemplo do
que se faz no Canadá e nos EUA",
diz Valente.
Naqueles países, segundo ela,
usando a estrutura de produção
de genéricos e a rede de farmácias,
os governos atendem à população
carente por meio de reembolso
dos gastos dos portadores de
doenças crônicas.
No Brasil, um modelo semelhante poderia ser adotado pelo
Ministério da Saúde, gerando demanda para a indústria de medicamentos, que hoje opera com
40% de ociosidade.
"É viável uma parceria entre indústrias e governo para permitir
que mais gente tenha acesso aos
medicamentos. Essa é uma questão de saúde pública", diz ela.
Segundo Valente, a Pró-Genéricos já encaminhou tal proposta ao
Ministério da Saúde, mas até o
momento não há nenhuma movimentação no governo para viabilizá-la.
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