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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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AJUDA

Governo quer tirar receita de venda de estatal de documento assinado com Fundo

Privatização pode deixar pacote do FMI

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pretende excluir do acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) a previsão de receita com privatização, caso decida negociar a renovação do programa de ajuda financeira que mantém com a instituição até o final deste ano.
O governo não realizou nenhuma venda de estatal neste ano e, portanto, não vai alcançar a receita com privatização, prevista no acordo com o Fundo, de acumular até setembro R$ 882 milhões.
A estimativa de receita com a venda de empresas públicas não é considerada meta no acordo. Assim, não impede a liberação de recursos ao país. No entanto, a meta indicativa para a dívida líquida do setor público consolidado (total das dívidas de União, estatais, Estados e municípios, menos os créditos que têm a receber) é influenciada pela arrecadação com a venda de empresas públicas.
O dinheiro obtido com as privatizações é usado para abater dívida. Assim, o teto da meta do endividamento sobe ou desce segundo a receita das privatizações.
Para o final de setembro, a meta para o teto do estoque da dívida pública é de R$ 985,6 bilhões. Como provavelmente o governo não fará nenhuma privatização até lá, o limite para o endividamento subirá para R$ 986,4 bilhões.
A meta de fato importante para o acordo é a de superávit primário (receita menos despesas, exceto gastos com juros), a qual o Brasil cumpriu com folga no primeiro semestre deste ano. A meta era de R$ 34,5 bilhões, e a economia de receitas foi de R$ 40 bilhões.
Na avaliação do governo, o Fundo não deve criar dificuldades para retirar o item das privatizações do acordo, dado que não chega a ser considerado meta.

Bancos
Quando o atual acordo foi fechado, no final do ano passado, o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha expectativa de vender os quatro bancos estaduais federalizados remanescentes: Besc (Santa Catarina), BEM (Maranhão), BEC (Ceará) e BEP (Piauí).
Daí a previsão de receita com privatização para este ano. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de negar oficialmente, praticamente desistiu da venda do Besc, avaliado em R$ 520 milhões, ao menos neste ano.
O Ministério da Fazenda tem a expectativa de vender o BEC e o BEM, mesmo assim dificilmente os leilões ocorreriam em 2003.


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