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São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2003

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SALTO NO ESCURO

Ministra diz que país terá folga no fornecimento de energia nos próximos quatro anos e não vê risco de blecaute

Dilma descarta apagão como o americano

JULIANA RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, praticamente descartou a possibilidade de um apagão generalizado no Brasil como o ocorrido na quinta-feira nos Estados Unidos.
Segundo a ministra, o Brasil tem hoje uma folga maior no uso da rede de energia. Além disso, investiu nos sistemas de transmissão e já detém mecanismos para isolar eventuais falhas.
"Eu só não vou dizer que o risco é nulo porque não quero atrair a ira dos deuses", brincou Dilma, batendo três vezes numa mesa de madeira.
A ministra calcula que o Brasil está livre de um apagão nos próximos quatro anos, mesmo se a economia do país crescer a um ritmo anual de 4,5%.
A analista de energia elétrica da Sudameris Corretora, Rosângela Ribeiro, concorda com a ministra. De acordo com a analista, o Brasil conta atualmente com uma sobra de energia de 7.590 MW, sem contar 2.000 MW de energia térmica emergencial.
Esse total deverá cair progressivamente até 2.859 MW em 2007.
"A partir de 2007, precisaremos pensar em novos projetos", afirmou a analista.

Prevenção
A ministra Dilma também defendeu novos investimentos em energia e lembrou que alguns deles já estão em andamento. Recentemente, o MME (Ministério de Minas e Energia) montou um grupo de trabalho para evitar que problemas pontuais atrasem a conclusão das obras.
Entre os obstáculos enfrentados pelas empresas estão a obtenção de licenças ambientais e dificuldades financeiras, itens que serão tratados com mais cautela em futuras licitações. "Por falta de regras claras no modelo, as empresas não sabem qual será o preço das tarifas. Portanto, não conseguem projetar seu fluxo futuro de caixa e, consequentemente, encontram dificuldades para obter financiamentos", observou Rosângela Ribeiro.
Um outro grupo de trabalho do MME está elaborando, juntamente com as empresas, um índice de correção de tarifas para o setor.

Novas concessões
Quanto às novas licitações, a ministra garantiu que só haverá concessões para geração de energia se houver demanda para o insumo e a autorização prévia do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente).
No que diz respeito à transmissão, o governo está realizando um processo de licitação para sete blocos de linhas. Segundo Dilma, já existem 45 empresas interessadas na concorrência, o que poderá se traduzir em investimentos de R$ 1,776 bilhão no setor, de acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
A ministra comparou o apagão ocorrido nos EUA nesta semana ao que aconteceu no Brasil em 1999.
"Naquela época, o sistema brasileiro estava funcionando sem nenhum investimento havia muitos anos e operava com um nível extremamente alto de utilização. Havia ainda um baixo grau de manutenção", disse.
A ministra destacou ainda que o sistema elétrico americano se baseia em energia térmica (termelétricas e usinas nucleares), cujos sistemas geralmente demoram mais a ser reparados do que os sistemas hídricos, principal fonte energética do Brasil.


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