DA REUTERS
E DA FOLHA ONLINE

A Eletropaulo teve mais um trimestre de lucro, apesar da inadimplência com credores privados e o ritmo lento de recuperação do consumo de energia. A distribuidora de São Paulo encerrou o semestre com R$ 124,3 milhões de lucro, principalmente porque conseguiu resultado financeiro positivo com a recuperação do real em relação ao dólar.
No segundo trimestre, a Eletropaulo lucrou R$ 110,1 milhões (R$ 14,2 milhões no primeiro). No primeiro semestre de 2002, a empresa, controlada pela norte-americana AES, teve prejuízo de R$ 146,3 milhões. Fechou o ano com perdas de mais de R$ 800 milhões.
A distribuidora está inadimplente apenas com credores privados, mas a controladora AES deixou de pagar ao BNDES parcelas de um empréstimo que devem levar ao leilão das ações preferenciais da Eletropaulo dadas como garantia na operação.
Por causa do atraso no pagamento da AES, o BNDES teve prejuízo de cerca de R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre do ano.

Reajuste
Com 5 milhões de clientes, a Eletropaulo viu a demanda de energia subir 1,5% de abril a junho. "Esse nível de consumo está em linha com as perspectivas de crescimento de mercado de 2% para 2003", segundo comunicado divulgado ontem pela empresa.
Desde o início de julho, a Eletropaulo está aplicando reajuste médio de 11,35% às tarifas, incluindo 0,4 ponto percentual de compensação por custos com o racionamento de energia de 2001/2, com validade de um ano. O aumento de 10,95% autorizado pela Aneel, agência reguladora do setor, está entre os menores do ano.
A Eletropaulo passou pela revisão tarifária periódica este ano, mas não pôde transferir para os consumidores as perdas cambiais com a compra de energia de Itaipu acumulada em 12 meses. Essas perdas somam R$ 497 milhões, segundo a empresa. O BNDES vai financiar esses valores para as distribuidoras que estiverem em dia com o pagamento ao banco.
A dívida da Eletropaulo somava R$ 5,275 bilhões em junho, sendo 41% em moeda estrangeira e apenas 16% protegida contra a variação cambial. O resultado financeiro foi positivo em R$ 154 milhões no segundo trimestre.
Dívida da AES Sul Outra empresa do grupo AES no Brasil está inadimplente. Depois da Eletropaulo, foi a vez da geradora gaúcha AES Sul deixar de pagar uma parcela de US$ 60,2 milhões -de uma dívida de US$ 300 milhões- com um grupo de bancos.
A empresa afirma que, em decorrência "dessa suposta inadimplência", os bancos credores poderiam declarar vencida antecipadamente toda a dívida e acionar a companhia judicialmente. Mas até o momento nenhuma medida foi adotada.
Em janeiro deste ano a AES Sul e a AES Cayman Guaiba -controladora indireta da geradora- firmaram acordo de renegociação da divida com os bancos credores e, desde então, estavam tratando do refinanciamento dessa dívida.


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