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Com aumento da crise, cresce saída de estrangeiros do país
Com fuga, Bovespa, que caiu 15,1% desde 23 de julho, perde força para se recuperar
Investidor de fora mantinha dinheiro no país até o início da semana; Brasil perdeu US$ 201 mi em recursos de estrangeiros no mês, diz BC
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Investidores estrangeiros relutavam até o início desta semana em sair do Brasil, preferindo muitas vezes deixar o dinheiro parado em caixa à espera de uma recuperação na Bolsa, mas não tiveram escolha devido à necessidade de honrar
pedidos de resgates no exterior.
A mudança agrava a crise para a Bolsa brasileira, que, sem o
estrangeiro, perde força para
eventual recuperação, mesmo
que o preço de ações fique baixo ou diminua a turbulência.
De fato, os preços das ações
brasileiras estão se tornando
mais atraentes. A Bolsa brasileira foi uma das que mais perderam desde o dia 23 de julho
-queda de 15,1% até ontem. O
real , por sua vez, foi uma das
moedas de emergentes que
mais perderam valor -a alta do
dólar em relação à divisa brasileira foi de 10,2% desde 23 de
julho.
A virada aconteceu na última
terça-feira, quando o volume
de negócios com o câmbio duplicou na BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros) -pulou de US$ 12,1 bilhões para
US$ 19,9 bilhões- e no mercado à vista -de US$ 2,2 bilhões
para US$ 3,1 bilhões.
Até então, a crise na Bolsa
pouco tinha mexido no câmbio.
Mesmo com a turbulência, o
fluxo de capital externo para o
Brasil se manteve positivo em
US$ 3,376 bilhões nas primeiras duas semanas de agosto, segundo o Banco Central, graças
à balança comercial.
As chamadas transações financeiras, que incluem as saídas de dinheiro, ficaram com
saldo negativo de US$ 201 milhões. A Bovespa perdeu US$
1,264 bilhão em investimento
de estrangeiros no mês até o dia
13, antes dos piores momentos
do mercado.
Na corretora do HSBC, um
dos maiores autorizados a trabalhar com estrangeiros, mais
da metade dos recursos de não-residentes que deixaram a Bolsa permanecia no Brasil durante a maior parte da turbulência.
Os recursos ficaram em fundos
de curto prazo, CDBs, derivativos e títulos do governo -que
têm benefício fiscal.
O mesmo aconteceu nas corretoras do ABN Real e do Itaú,
que herdou a carteira de estrangeiros do BankBoston, que
lidera com o Citibank as operações de não-residentes na Bovespa. "Aumentou a saída de
estrangeiros nesta semana. A
movimentação mais rápida é
dos hedge funds [grandes fundos estrangeiros]. Cada dia que
passa, esses fundos têm mais
resgates. É uma corrida que gera toda uma incerteza", disse
Roberto Nishikawa, presidente
da Itaú Corretora.
"Está muito claro que nem
todo dinheiro de estrangeiro
que sai da Bolsa é repatriado.
Tem cliente que compra fundo
mesmo pagando imposto. Há
cliente que vende ações e deixa
o dinheiro parado", disse Flavio
Zullo, do HSBC.
Levantamento da Merrill
Lynch com 181 gestores de fundos no mundo, divulgado ontem, mostra que os investidores ainda acreditam nas ações
de países emergentes como o
Brasil. "Os investidores parecem ver nesta turbulência uma
oportunidade para comprar
ações", afirmou o consultor David Bowers, no relatório.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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