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Governo quer produção de 5 milhões de carros em 2011
Miguel Jorge prevê balança comercial de US$ 46 bilhões
FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo quer aumentar a
capacidade de produção anual
da indústria automotiva para 5
milhões de veículos em 2011 -
43% acima dos 3,5 milhões
atuais. O ministro Miguel Jorge
(Desenvolvimento) prepara
plano de incentivo ao setor e
quer divulgar as medidas em
setembro. O pacote também
beneficiará eletroeletrônicos.
Os dois segmentos foram escolhidos, segundo o ministro,
porque devem ser os mais prejudicados caso o governo facilite a entrada de importados na
próxima década, no âmbito das
negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio).
"Eles serão os mais atingidos
no caso de uma abertura do
país nas negociações de Doha."
Jorge disse ainda que, com as
importações crescendo mais
que as exportações neste ano,
espera um saldo comercial entre US$ 45 bilhões e US$ 46 bilhões em 2007, contra US$ 46,4
bilhões em 2006. Se confirmado, seria a primeira queda em
sete anos na comparação ano a
ano. Já o mercado financeiro
prevê saldo de US$ 43 bilhões.
Apesar do aumento das importações, o ministro não mostra preocupação. Diz que a entrada de importados tem sido
liderada por máquinas e equipamentos, o que moderniza o
parque industrial.
Competitividade
O ministro rejeita a avaliação
de que o plano tenta proteger as
montadoras no Brasil. "Não é
que eles precisem ser protegidos, precisam ser "alavancados"
para se tornarem competitivos
em padrão mundial."
Jorge, que era vice-presidente do banco Santander antes de
ser ministro, tem sua trajetória
profissional ligada ao setor automotivo. Ele foi vice-presidente da Volkswagen e da Autolatina -antiga união entre
Ford e Volks no Brasil.
O ministro não deu detalhes
das medidas em estudo. Mas há
expectativa de que o governo
ofereça crédito em condições
diferenciadas ao setor, já que
todos os estudos estão sendo
costurados entre Ministério do
Desenvolvimento e BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O esboço do plano foi elogiado pela Anfavea (Associação
Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores). Jackson Schneider, presidente da
entidade, crê que a criação de
uma política de longo prazo para o setor pode ajudar o Brasil a
atrair mais investimentos. "É
um sinal de seriedade que é
avaliado pela indústria no momento de decidir sobre os novos projetos."
O analista Marcio Pagés, da
MCM Consultores, acredita
que a ajuda oficial deve ser dada
na forma de mais crédito com
taxas especiais. "Essa é a forma
menos danosa de incentivar a
indústria. Novos incentivos fiscais não são adequados nesse
caso porque o número de fabricantes é restrito", diz. Hoje, o
Brasil tem 47 fábricas de 25
montadoras, gerando 114,5 mil
empregos diretos.
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