São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Governo quer produção de 5 milhões de carros em 2011

Miguel Jorge prevê balança comercial de US$ 46 bilhões

FERNANDO NAKAGAWA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer aumentar a capacidade de produção anual da indústria automotiva para 5 milhões de veículos em 2011 - 43% acima dos 3,5 milhões atuais. O ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento) prepara plano de incentivo ao setor e quer divulgar as medidas em setembro. O pacote também beneficiará eletroeletrônicos.
Os dois segmentos foram escolhidos, segundo o ministro, porque devem ser os mais prejudicados caso o governo facilite a entrada de importados na próxima década, no âmbito das negociações na OMC (Organização Mundial do Comércio). "Eles serão os mais atingidos no caso de uma abertura do país nas negociações de Doha."
Jorge disse ainda que, com as importações crescendo mais que as exportações neste ano, espera um saldo comercial entre US$ 45 bilhões e US$ 46 bilhões em 2007, contra US$ 46,4 bilhões em 2006. Se confirmado, seria a primeira queda em sete anos na comparação ano a ano. Já o mercado financeiro prevê saldo de US$ 43 bilhões.
Apesar do aumento das importações, o ministro não mostra preocupação. Diz que a entrada de importados tem sido liderada por máquinas e equipamentos, o que moderniza o parque industrial.

Competitividade
O ministro rejeita a avaliação de que o plano tenta proteger as montadoras no Brasil. "Não é que eles precisem ser protegidos, precisam ser "alavancados" para se tornarem competitivos em padrão mundial."
Jorge, que era vice-presidente do banco Santander antes de ser ministro, tem sua trajetória profissional ligada ao setor automotivo. Ele foi vice-presidente da Volkswagen e da Autolatina -antiga união entre Ford e Volks no Brasil.
O ministro não deu detalhes das medidas em estudo. Mas há expectativa de que o governo ofereça crédito em condições diferenciadas ao setor, já que todos os estudos estão sendo costurados entre Ministério do Desenvolvimento e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O esboço do plano foi elogiado pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). Jackson Schneider, presidente da entidade, crê que a criação de uma política de longo prazo para o setor pode ajudar o Brasil a atrair mais investimentos. "É um sinal de seriedade que é avaliado pela indústria no momento de decidir sobre os novos projetos."
O analista Marcio Pagés, da MCM Consultores, acredita que a ajuda oficial deve ser dada na forma de mais crédito com taxas especiais. "Essa é a forma menos danosa de incentivar a indústria. Novos incentivos fiscais não são adequados nesse caso porque o número de fabricantes é restrito", diz. Hoje, o Brasil tem 47 fábricas de 25 montadoras, gerando 114,5 mil empregos diretos.


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