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Agências de publicidade devem abrir capital
Grupos como Ypy, Total e Eugenio contratam profissionais do mercado financeiro para preparar entrada na Bolsa
Avaliação é que turbulência nos mercados é passageira; grupo Ypy investirá
R$ 100 mi até 2010 em aquisição e novos negócios
Moacyr Lopes - 30.out.06/Folha Imagem
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Nizan Guanaes, do grupo Ypy, que investirá R$ 100 mi até 2010 e se prepara para abrir o capital da empresa, como outras do setor |
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com a turbulência, a
ebulição do mercado de capitais brasileiro tem feito com
que várias agências de propaganda comecem a estruturar
seus negócios de olho numa futura abertura de capital. Os
grupos de comunicação Ypy,
Total e Eugenio estão entre
elas.
Com as agências Africa,
DM9DDB, MPM e Loducca em
seu guarda-chuva, o grupo Ypy
anunciou ontem a incorporação de quatro novas agências à
divisão B/Ypy, destinada à
prestação de serviços especializados, como marketing direto e
comunicação no ponto-de-venda.
As agências NewStyle, ReUnion e Sunset foram adquiridas, e a Hello, Interactive, criada. O grupo Ypy está destinando R$ 100 milhões para aquisições e formação de novos negócios entre 2007 e 2010. A empresa também espera associar-se a um investidor em breve.
"Ampliamos as áreas de atuação do grupo para dividir os riscos em várias cestas", afirma
Guga Valente, presidente do
grupo Ypy. "Dessa maneira, se
um dia uma das agências perder uma conta importante, a
empresa ficará menos sujeita a
oscilações."
Em números, isso significará
que a participação da área de
serviços na receita do grupo,
que será de R$ 310 milhões em
2007, passará de 13% neste ano
para 30% em 2008.
A estratégia parece fazer sentido para profissionais do mercado financeiro. Segundo Paulo
de Tarso Barbosa, sócio da
Proinvest, consultoria especializada em abertura de capital, o
negócio das empresas de comunicação é volátil e, por isso, os
investidores serão mais cuidadosos e precificarão a incerteza. "O mercado ficará mais seletivo, mas há espaço para empresas de propaganda abrirem
capital, uma vez que há grandes
grupos internacionais da área
nas bolsas", diz Barbosa.
Nizan Guanaes, sócio do Ypy,
afirma que sua equipe tem
montado o negócio inspirando-se exatamente em grupos internacionais de propaganda,
como WPP, Omnicom e Publicis.
"Não estou inventando a roda", afirma Guanaes. "Aliás,
quero que o Martin Sorrell
[presidente do WPP] me processe por plágio. Se a França
pode ter uma multinacional de
propaganda, por que o Brasil
não pode?"
O especialista em gestão Vicente Falconi é o consultor do
Ypy no processo de abertura de
capital, que deverá ser concluído em dois anos. "Prefiro ter
5% numa empresa perene do
que 100% em algo que será superado", diz Guanaes.
Total
O grupo Total, controlador
das agências Fischer America
entre outras, contratou recentemente Ismael Brandão Neto
como vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios e
Relações com o Mercado.
Apesar de não falar sobre os
preparativos para a abertura de
capital, o grupo Total vem trabalhado nesse projeto há mais
de um ano e contratou várias
pessoas ligadas ao mercado financeiro. Brandão Neto tinha
sido chefe de investimentos do
Standard Bank London, da Société Generale e do ING Bank.
Outro grupo que tem diversificado seus negócios com o objetivo de entrar na Bolsa é o Eugenio. Especializada no setor
imobiliário, a agência criou divisões para atuar em áreas como feiras internacionais e conteúdo. Além disso, também lançará em um mês a agência E,
que atuará com varejo e produtos de consumo.
"O mercado publicitário sobrevive de bônus de veiculação
[comissão paga por veículos de
comunicação para que as agências concentrem os anúncios de
seus clientes nesses veículos] e
é impossível explicar para um
investidor se esse é um negócio
lícito", diz Maurício Eugenio,
presidente do grupo Eugenio.
"Por isso publicidade será
apenas uma das atividades do
nosso grupo de empresas."
Apesar de a crise nas bolsas ter
sido causada pelo mercado
imobiliário, Eugenio acredita
que a tendência de crescimento
dessa área no país é irreversível.
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