São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2000

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ENERGIA
Óleo vai a US$ 35,92 em NY, maior valor desde 1990; Presidente da Opep disse que barril poderia chegar a US$ 40
Preço do petróleo volta a atingir recorde

Associated Press
Motoqueiro passa por rua vazia devido a protesto contra o preço dos combustíveis em Barcelona


DA REDAÇÃO

O preço do barril de petróleo para venda em outubro disparou ontem em Nova York, fechando a US$ 35,92, com alta de 5,4%. O valor é o maior já registrado desde outubro de 1990, quando o mundo assistiu à crise do Golfo.
A alta, que fortaleceu a instabilidade que já existe no mercado de energia, foi puxada ontem pelo aviso que o governo dos Estados Unidos deu ao Iraque. O Pentágono disse que estaria pronto a usar força militar para conter a ameaça do Iraque ao seu vizinho Kuait, acusado de roubar petróleo das reservas iraquianas.

Produção ameaçada
Ontem também foi divulgado que uma tempestade se aproxima do golfo do México, colocando em risco a produção de milhares de barris de petróleo na região.
Os dois fatos elevaram os preços do óleo nas duas principais praças de negociação. Em Londres, o contrato para venda em outubro subiu US$ 1,61 e encerrou o dia cotado a US$ 33,90.
Os analistas também atribuem os valores elevados do óleo às mensagens pouco claras da Opep, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
Alí Rodríguez, presidente da Opep, teria dito durante a semana que os preços poderiam chegar a US$ 40 o barril, apesar do aumento da produção anunciado pelo cartel no último dia 10.

Mercado vulnerável
Phil Flynn, analista da corretora Alaron Trading, dos EUA, disse que o mercado do óleo é muito forte, mas sujeito a tempestades. "Não é qualquer palavra que muda a tendência de queda ou de alta", escreveu ele em um relatório publicado ontem sobre a elevação dos preços do petróleo.
Valores muito acima do patamar psicológico de US$ 30 o barril e a iminência de uma nova crise no Golfo -protagonizada pelo Iraque e Kuait em 1990- põem fogo no cenário internacional.
Há duas semanas, protestos contra o alto valor dos combustíveis têm sido o tema das ruas das cidades européias e das refinarias bloqueadas por manifestantes.
Os analistas indicam que o Iraque deseja manter os preços do petróleo elevados e usa a ameaça ao Kuait para controlar o mercado de energia.
No último domingo, a Opep anunciou que vai elevar a oferta do óleo em 800 mil barris diários para deter a escalada de preços a partir de 1º de outubro.
Desde então, o mercado não teve reação positiva, entendendo que a alta seria insuficiente para controlar o preço do barril.
Arábia Saudita e Emirados Árabes já indicaram que estariam dispostos a aumentar sua produção, se isso fosse necessário.



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