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PREVIDÊNCIA
Aposentadoria para pais e mães-de-santo foi confirmada ontem
Ornélas oficializa pensão em terreiro
MARCOS VITA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O direito à aposentadoria para
pais e mães-de-santo foi reconhecido ontem pelo ministro Waldeck Ornélas (Previdência), em
visita ao terreiro da Casa Branca,
o mais antigo de Salvador -fundado em 1863.
Os chamados "zeladores" dos
terreiros de candomblé passam a
ser encarados como contribuintes
e beneficiários autônomos do
INSS, amparados pelo artigo 9º
do item 5 do Regulamento da Previdência Social.
O artigo prevê o direito à aposentadoria como autônomo para
"ministro de confissão religiosa e
membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou ordem religiosa, quando mantido
pela entidade a que pertence".
Até a decisão de Ornélas -que
é baiano-, o texto não valia para
a religião africana. Sem profissão
reconhecida, a maioria dos pais e
mães-de-santo não contribuía
com o INSS.
"Chegamos a pedir o reconhecimento do Ministério da Previdência em 1991, mas esse direito nos
foi negado sob alegação de "falta
de dogmas" no candomblé", afirmou o pai-de-santo Aristides
Mascarenhas, presidente da Febacab (Federação Baiana do Culto
Afro-Brasileiro).
A entidade, que reúne 5.000 pais
e mães-de-santo filiados no Estado, foi a principal responsável por
levar a solicitação a Ornélas. Para
convencer o ministro, a Febacab
se utilizou do artigo 275 da Constituição baiana -que reconhece
o candomblé como religião.
Ornélas afirmou que estava "revogando um preconceito" ao reconhecer o direito à aposentadoria dos adeptos do candomblé.
"A mudança resulta de uma
orientação administrativa porque
as leis não impediam a filiação
dos pais e mães-de-santo", disse o
ministro, que foi homenageado
com o "oni saurê", considerada
uma das saudações mais importantes do candomblé.
Segundo Ornélas, a decisão se
enquadra no Programa de Estabilidade Social, que foi criado este
ano para incentivar a filiação de
38 milhões de trabalhadores sem
previdência no país.
A partir de agora, o pai ou mãe-de-santo que já contribuiu declarando outra atividade pode pedir
alteração num posto do INSS.
Quem passar a pagar hoje, terá de
contribuir durante 15 anos para
ter direito à aposentadoria.
Segundo estimativa da Febacab,
200 dos seus filiados teriam direito à aposentadoria. Na Bahia, há
5.800 terreiros de candomblé.
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