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LUÍS NASSIF
A Frente Parlamentar da Tecnologia
O Brasil parece ter despertado para a nova economia apenas em fins do ano passado, quando a explosão de investimentos em telecomunicações abriu caminho para a implementação de soluções centradas na tecnologia da informação. Como em todo processo de
mudanças econômicas e tecnológicas, os fatos em primeiro, depois a necessidade de regulamentá-los.
Embalados por essa perspectiva e pela criação de fundos setoriais que injetarão recursos vultuosos na economia nos próximos anos, cem parlamentares
(até agora) se reuniram em torno da Frente Parlamentar Pela
Promoção do Conhecimento e
da Tecnologia Nacionais (Frente Parlamentar da Tecnologia),
lançada esta semana, em uma
iniciativa do deputado paulista
Júlio Semeghini.
São parlamentares de todos os
partidos e regiões, com interesses divergentes em muitos dos
temas da área. A idéia é que a
frente defina como linha comum de atuação trazer os novos
temas para discussão, se transformando em fórum de entendimentos para acelerar a tramitação de projetos do setor.
Por exemplo, há quase dez
anos tramita na Câmara e no
Senado, sem ter sido aprovada,
lei que regulamenta a digitalização de documentos no Brasil.
Nem da microfilmagem houve
aprovação, por falta de sensibilidade dos parlamentares.
Entre as prioridades da frente,
está o desenvolvimento do Projeto Sociedade de Informação,
articulado pela ONU. No Brasil,
o desenvolvimento ficou a cargo
do Ministério de Ciência e Tecnologia, que concluiu o "Livro
Verde", disponível na Internet.
Outro instrumento essencial é
o Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações
(Fust), proposta que constava
no modelo de privatização do
setor, elaborado pelo ministro
Sérgio Motta e aprovado pela
Câmara e pelo Senado com
grande atraso. Se o fundo tivesse
sido aprovado no começo do
ano, o setor teria bancado R$
800 milhões em investimentos
este ano. A cada mês de atraso,
as empresas do setor economizaram R$ 100 milhões. Houve a
necessidade de interferência de
FHC para que o fundo fosse
aprovado.
Há um conjunto de leis em
discussão ou que deverão ser
discutidas nos próximos meses.
Uma das mais relevantes é a Lei
de Criação de Documento Eletrônico e Assinatura Digital e
Comércio Eletrônico, que acabará com a burocracia do governo e trânsito de documentos.
Há dias, a Casa Civil se antecipou com uma medida provisória que avança no tema.
Pomo de discórdia é a Lei de
Informática, em que os interesses da Zona Franca de Manaus
e do Centro-Sul colidem. Os
principais pontos de discussão
estão na classificação ou não de
celular e monitor de vídeo como
equipamentos de informática.
A idéia é chegar a um acordo
que permita viabilizar a continuidade dos setores que já operam em Manaus, mas permitindo aos novos ser implementados
onde houver mais vantagem
competitiva.
Finalmente, há a Lei de Crimes de Informática, que deverá
regulamentar a questão do sigilo dos e-mails. A idéia é conferir
aos e-mails o mesmo tratamento de privacidade das cartas.
Mas obrigar os provedores a
conservar informações que permitam a identificação sob mandado judicial -quem mandou
o quê.
E-mail - lnassif@uol.com.br
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