São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2000

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MERCADO FINANCEIRO
Moeda norte-americana sobe pelo quinto dia seguido; cotação atinge nível mais alto desde maio
Petróleo assusta e puxa alta do dólar

DA REPORTAGEM LOCAL

A alta dos preços do petróleo trouxe nervosismo aos mercados brasileiros, especialmente ao mercado de câmbio. O dólar comercial subiu pelo quinto dia seguido e fechou em R$ 1,845 (venda), cotação mais alta desde o dia 25 de maio.
No início da tarde, a moeda chegou a ser negociada a R$ 1,849 (venda), mas recuou no final dos negócios. Nesta semana, o dólar acumulou valorização de 1,49% -ontem, a alta foi de 0,33%.
Parte da valorização do dólar foi causada pelo impacto negativo que a alta do petróleo pode ter sobre as contas externas do Brasil. O país vai pagar mais caro pelo petróleo que comprar, e ainda não se sabe se isso vai ser repassado aos preços dos combustíveis.
Além disso, a alta do petróleo pode provocar aumentos nos preços de produtos fabricados em países como Estados Unidos e Europa, onde estão localizados grandes fornecedores de empresas brasileiras. Assim, essas companhias podem ter de gastar mais dólares para importar esses produtos.
Fora esses componentes ligados ao comércio exterior, o dólar tem subido nos últimos dias também por causa de um movimento meramente especulativo.
Algumas instituições usam o petróleo como desculpa para puxar a alta das cotações, que estavam estáveis na casa de R$ 1,82 havia três semanas.
Segundo Carlos Alberto Abdalla, da corretora Souza Barros, o nervosismo aumentou nos últimos dois dias por causa dos conflitos envolvendo o Iraque e o Kuait, que poderiam recriar a Guerra do Golfo (1990).
Também por causa do petróleo, os juros futuros subiram ontem. O DI de abril (o mais negociado na BM&F) fechou em 17,47% ao ano, contra 17,15% do ajuste anterior.
Com o agravamento da crise do petróleo, é cada vez maior a parcela do mercado que acredita que o Copom (Comitê de Política Monetária) não vai reduzir os juros básicos da economia na reunião marcada para os próximos dias 19 e 20.
Na visão desses investidores, o Banco Central deve manter inalterada a taxa Selic por causa da preocupação com relação ao impacto que a alta do petróleo pode ter sobre a inflação.
(NEY HAYASHI DA CRUZ)


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