São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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FOLHAINVEST

Ganho médio chega a 8,47%, apesar do efeito "marcação a mercado"

Fundo de previdência dribla crise e cresce 41,8% no ano

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os fundos de investimento afundavam neste ano em um mar de resgates que já totaliza R$ 58,6 bilhões, uma modalidade de aplicação manteve-se à tona, atraindo o investidor. Os fundos de previdência aumentaram em 41,8% sua captação líquida (aplicações menos resgates) de janeiro até o dia 10 de setembro.
Esses fundos -aplicações de longo prazo voltadas para complementar a renda da classe média após a aposentadoria- captaram R$ 2,067 bilhões no período, informa o site Fortuna com base em dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Cerca de 90% do patrimônio desses investidores está concentrado em fundos de renda fixa e balanceados, que aplicam basicamente em títulos públicos.
Por isso, a exemplo dos fundos DI e de renda fixa, os de previdência também tiveram sua rentabilidade afetada pela crise da marcação a mercado -a contabilização das carteiras pelo valor diário dos papéis no mercado secundário, em vigor desde o final de maio.
Desde maio, a rentabilidade dos fundos de previdência passou a ter oscilações, chegando a ficar negativa em um ou outro dia. Mesmo assim, o investidor não fugiu da aplicação. "Quem aplica em previdência privada não se fixa na rentabilidade diária, seu objetivo é ter retorno no longo prazo", diz Marco Antonio Rossi, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, líder no setor.
As características fiscais dos fundos de previdência também ajudaram a conter os saques durante a crise da marcação a mercado. "Não vale a pena pagar 27,5% de IR para resgatar a aplicação e transferir o dinheiro para a poupança, como ocorreu nos fundos de investimento", diz Julio Cesar Felipe, vice-presidente da Canada Life.
Além disso, a rentabilidade média dos fundos de previdência, no ano, está em linha com a obtida em 2001, quando não houve crise no setor. De 2 de janeiro a 11 de setembro, a rentabilidade média dos fundos de previdência de renda fixa foi de 8,47%. No mesmo período de 2001, o ganho foi de 8,57%, segundo o site Fortuna.
"A oscilação fruto da marcação a mercado não afeta a rentabilidade no longo prazo, perdas temporárias são recuperadas", diz Antonio Trindade, vice-presidente da Unibanco AIG Previdência.
Segundo Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna, o impacto da marcação a mercado foi maior nos fundos que têm as taxas de administração mais altas -caso dos fundos de previdência dos grandes bancos, que têm um custo maior de administração.
"As taxas comem a rentabilidade do fundo. Quando eles começaram a ter rendimento negativo em alguns dias, as taxas elevadas aprofundaram as perdas", diz ele.
Os fundos dos grandes bancos também sofreram mais devido à composição das suas carteiras. Segundo Felipe, da Canada Life, enquanto os bancos carregavam títulos longos, os fundos de previdência das seguradoras e administradoras de recursos independentes aplicavam em títulos de prazos mais curtos, que se desvalorizaram menos durante a crise.
"Para competir no mercado essas instituições tinham de oferecer uma rentabilidade melhor e, para isso, vinham trabalhando com papéis de curto prazo, que foram menos desvalorizados", afirma ele.


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