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FOLHAINVEST
Ganho médio chega a 8,47%, apesar do efeito "marcação a mercado"
Fundo de previdência dribla crise e cresce 41,8% no ano
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto os fundos de investimento afundavam neste ano em
um mar de resgates que já totaliza
R$ 58,6 bilhões, uma modalidade
de aplicação manteve-se à tona,
atraindo o investidor. Os fundos
de previdência aumentaram em
41,8% sua captação líquida (aplicações menos resgates) de janeiro
até o dia 10 de setembro.
Esses fundos -aplicações de
longo prazo voltadas para complementar a renda da classe média após a aposentadoria- captaram R$ 2,067 bilhões no período, informa o site Fortuna com
base em dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento). Cerca de 90% do patrimônio desses investidores está
concentrado em fundos de renda
fixa e balanceados, que aplicam
basicamente em títulos públicos.
Por isso, a exemplo dos fundos
DI e de renda fixa, os de previdência também tiveram sua rentabilidade afetada pela crise da marcação a mercado -a contabilização
das carteiras pelo valor diário dos
papéis no mercado secundário,
em vigor desde o final de maio.
Desde maio, a rentabilidade dos
fundos de previdência passou a
ter oscilações, chegando a ficar
negativa em um ou outro dia.
Mesmo assim, o investidor não
fugiu da aplicação. "Quem aplica
em previdência privada não se fixa na rentabilidade diária, seu objetivo é ter retorno no longo prazo", diz Marco Antonio Rossi, diretor-presidente da Bradesco Vida e Previdência, líder no setor.
As características fiscais dos
fundos de previdência também ajudaram a conter os saques durante a crise da
marcação a mercado. "Não vale a
pena pagar 27,5% de IR para resgatar a aplicação e transferir o dinheiro para a poupança, como
ocorreu nos fundos de investimento", diz Julio Cesar Felipe, vice-presidente da Canada Life.
Além disso, a rentabilidade média dos fundos de previdência, no
ano, está em linha com a obtida
em 2001, quando não houve crise
no setor. De 2 de janeiro a 11 de setembro, a rentabilidade média
dos fundos de previdência de renda fixa foi de 8,47%. No mesmo
período de 2001, o ganho foi de
8,57%, segundo o site Fortuna.
"A oscilação fruto da marcação
a mercado não afeta a rentabilidade no longo prazo, perdas temporárias são recuperadas", diz Antonio Trindade, vice-presidente da
Unibanco AIG Previdência.
Segundo Marcelo D'Agosto, diretor do site Fortuna, o impacto
da marcação a mercado foi maior
nos fundos que têm as taxas de
administração mais altas -caso
dos fundos de previdência dos
grandes bancos, que têm um custo maior de administração.
"As taxas comem a rentabilidade do fundo. Quando eles começaram a ter rendimento negativo
em alguns dias, as taxas elevadas
aprofundaram as perdas", diz ele.
Os fundos dos grandes bancos
também sofreram mais devido à
composição das suas carteiras.
Segundo Felipe, da Canada Life,
enquanto os bancos carregavam
títulos longos, os fundos de previdência das seguradoras e administradoras de recursos independentes aplicavam em títulos de
prazos mais curtos, que se desvalorizaram menos durante a crise.
"Para competir no mercado essas instituições tinham de oferecer uma rentabilidade melhor e,
para isso, vinham trabalhando
com papéis de curto prazo, que
foram menos desvalorizados",
afirma ele.
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